3.9.10

MÍSTICA

Tenho como pano de fundo na "pantalha" do meu computador, a 1ª Equipa de Futebol do Benfica.
E pus-me a meditar no que foi percorrido desde esses tempos até à actualidade e, fiquei perplexo.
Desde a FARMÁCIA FRANCO, que um grupo de utópicos visionários (passe a redundância), lançaram mãos à obra para, para além de um Clube erguerem uma Mística, encabeçados pelo imortal COSME DAMIÃO.
Imortal sim, pois só verdadeiramente morrem aqueles que são esquecidos e, COSME DAMIÃO é daqueles que nos versos doutro imortal, CAMÕES, príncipe dos poetas, "se vai da lei da morte libertando".
O Benfica nasceu do Povo e para o Povo por isso se tornou o "o mais querido" o expoente máximo dos anseios desse mesmo POVO, traduzido em vitórias, para "atirar à cara" de quem os oprime.
Amado por milhões até à loucura, odiado por meia dúzia de poderosos até à...loucura.
Andámos anos e anos com a casa às costas, "roubaram-nos" meia equipa (foi o clube Viscondesso) nunca deixámos de cumprir com os nossos compromissos.
Como não podia deixar de ser, houve que construir campo de futebol próprio, que em breve viria a ser chamado muito apropriadamente de a CATEDRAL cuja construção foi épica: cada um levava o que podia: desde simples ajulezos, até ao sacrificar a família, desviando parcos tostões para erguer a obra conjunta, a obra de todo um POVO, que se revia no maravilhoso esforço conjunto dos humildes, e se calhar inimaginável.
"Nunca se ama bastante, quando não se ama de mais", como diz um fado.
Para angariar fundos compõe-se o SER BENFIQUISTA, e a emoção faz cair lágrimas quando LUÍS PIÇARRA empresta a sua extraordinária voz à canção e, põe o Pavilhao dos Desportos em pé e com "pele de galinha", e as bolsas abrem-se generosamente.
Erradamente designa-se essa maravilhosa canção como de Hino do BENFICA.
Não é verdade.
Cumprindo o desígnio das deusas FÚRIAS, o nosso HINO, que por conter a frase AVANTE BENFICA, foi desde logo perseguido por Salazar e a sua polícia política, e acabou por ser silenciado.
Começava a nascer a Mística, cimento aglutinador, para esta maravilhosa viagem de Companheirismo, alegrias e tristezas e um enorme, imenso orgulho de pertencermos à FAMÍLIA BENFIQUISTA..
FERREIRA BOGALHO que, aquando do arranque da construção da Catedral disse "com o nosso entusiasmo e o vosso exemplo", esteve à altura da História, ao fazer entrar, no dia da inauguração, primeiro os OPERÁRIOS que construíram o Estádio e, só depois os ADEPTOS e as Individualidades.
Guardámos o nosso maior tesouro, que é a ligação ao POVO.
Em reconhecimento do momento único que se vivia, caíram uma gotas de chuva, até os Deuses lá no Olimpo se quiseram associar ao momento mágico, carregado de Fé e Orgulho.
Por estas alturas já ultrapassávamos a mera designação de CLUBE, para entrarmos no domínio do SAGRADO.
Como muito bem traduziu o saudoso e querido ARTUR SEMEDO quando, lhe disseram que o Clube dele era o Benfica, respondeu:"O MEU CLUBE? NÃO. A MINHA RELIGIÃO".
É a Mística em crescendo, cimento que nos vai aglutinar para uma viagem ao Olimpo da Glória.
Clube que fazia ponto de honra de só ter portugueses, encantou e vergou o Mundo do Futebol ao poderio da ÁGUIA , aos pés de "monstros sagrados" do jogo da bola.
Saltou fronteiras, deu Portugal a conhecer.
Portugal era Benfica e...Eusébio.
Salazar, o ditador que caiu da cadeira, "tirou o chapéu" ao CLUBE DO POVO, ao aproveitar-se do Benfica para poder ser reconhecido internacionalmente.
Eusébio não pôde sair para o Inter de Milão, havia que guardar as jóias de Portugal.
Os ANTIFACISTAS, combatentes da LIBERDADE, vinham para a rua lutar, empunhando bandeiras vermelhas do...BENFICA.
O BENFICA, único no Mundo, que faz com que um comunista e um fascista se abracem, fazia parar a guerra.
LOBO ANTUNES, conta que, punham os altifalantes virados para o mato, para portugueses e guerrilheiros, ouvirem os relatos do Benfica.
E a guerra parava mesmo.
Hoje, como nenhum outro, mantemos a forte ligação aos povos irmãos das "ex-colónias".
Uma menina, moçambicana, da cor do ébano, aquando da digressão a Moçambique tinha um cartaz que rezava assim: "NÃO GOSTO DE FUTEBOL, MAS ADORO O BENFICA".
Comovente.
Mais nos engrandecemos com novos povos que falem português: Fernando Pessoa disse que " a minha pátria é a língua portuguesa".
Por isso dizer que somos SEIS MILHÕES é pouco, muito pouco.
Viro a página, mas volto a FERREIRA BOGALHO.
Pegando nas suas palavras de "com o nosso entusiasmo e o vosso exemplo", pergunto: que exemplo estamos a dar?
Embarcaram malguns adeptos na miserável campanha contra o BENFICA/LUÍS FILIPE VIEIRA, aproveitando alguns lances menos felizes do nosso grande Portero, de seu nome ROBERTO:
Pôs-se em causa tudo e mais alguma coisa, inclusive JORGE JESUS e RUI COSTA.
E horror dos horrores, são Benfiquistas que embarcam nessa vergonha.
E continuam para mal doe meus pecados.
ROBERTO jogador jovem, que deixou a Família, os Amigos, o País, que veio para cá, e como está a ser recebido?
Com desconfiança animosidade.
E lá vêem à baila os 8.5 milhões. Sempre a prostituída e cobarde imprensa desportiva repete até à exaustão.
Cretinos não divulgam porque ou não sabem ou não lhes interessa que esses milhões são o somatório da transferência mais os vencimentos.
FILHOS DA PUTA.
Ao saír do seu País, veio à procura de melhor vida, claro, mas também de Adeptos que, lhes façam minorar a saudade do que deixou. Isto é, vem para que o integremos numa nova Família, a FAMÍLIA BENFIQUISTA, que tanto ouviu falar.
Um dia DI MARIA comprou 39 camisolas do BENFICA, para no Natal as distribuir por familiares e amigos.
Que clube no Mundo inteiro inspira a fazer isto?
E ao ser hostilizado não entende o porquê, ele que nos treinam se esforça, que "crime" cometeu?
E assim a Mística esmaece.
Culpa de quem?
Dos "tais" benfiquistas.
É que Mística não são só vitórias. Nesta palavra entram também as derrotas.
Para termos só vitórias, comprem-se árbitros, jornalistas e justiça.
Mística, é amar sofrer e olhar sempre em frente, com fé e muita esperança, sem esquecer o que nos fez GRANDES.

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