22.11.10

Ratazanas de catedral

Este interregno na actividade da equipa principal de futebol devido a factores extra e imprevistos e que proporcionou ao Benfica e aos Benfiquistas tempos de reflexão e o recarregar de baterias para os conturbados e difíceis tempos que se avizinham, permitiu-me fazer também uma pausa prolongada na actividade blogueira e ao mesmo tempo ler e meditar nalgumas historietas do passado, agora em versão completa através de diversas publicações recentemente editadas.

E assim, quando li alguns excertos da mais recente publicação de João Malheiro – "Eu, Mourinho e o Benfica" – fiquei ainda melhor esclarecido em relação àquilo que já há muito tempo tinha como um dado adquirido e que mostra de alguma maneira a canzoada que gravitou e que nalguns casos, ainda continua a rondar os caminhos que vão dar à Catedral.
Fiquei sempre com a impressão de que o famigerado "special one" teve um comportamento, no mínimo, pouco digno para com o Benfica e para com o seu presidente, à época, Manuel Vilarinho.
E quando li que aquele fulano - que aí dava início à sua carreira de treinador principal, com o Benfica a fazer de trampolim para uma vida profissional repleta de êxitos – fez uma miserável chantagem com Manuel Vilarinho e que segundo as suas próprias palavras se confessou depois arrependido de o ter feito, foi facto que não me causou nenhuma estranheza, pois o seu percurso e os seus comportamentos anteriores e os que a partir daí se verificaram, não obstante os lambedores e os bajuladores o terem habilidosamente ilibado de coisas feias, lhe terem cantado consecutivamente hossanas e o terem venerado até hoje como um deus, confirmaram na íntegra o seu perfil rasca, o seu carácter provocatório e a sua própria índole, que vai muito para além dos tão apregoados "mind games" – não foi em vão que recentemente foi apelidado de canalha por um seu colega de profissão. Poderá ganhar este mundo e o próximo mas nada alterará a minha opinião negativa em relação à sua personalidade, que para ser guindada até ao alto pedestal onde se encontra e conseguir essa aura ganhadora, teve de recorrer à viciação, à chicana, à chantagem - como ele próprio o refere - e com a imprescindível colaboração daquele que transformou um grémio de futebol do qual é presidente, no mais emblemático símbolo da corrupção do futebol português e mesmo do próprio país de hoje. A condenação deste instigador de conflitos, violência e manipulações, por factos passados e as fortes suspeitas confirmadas através das escutas reais mas nunca consideradas efectivas para efeitos judiciais, à época em que o tal "special" era treinador da mencionada agremiação, é disso a prova inequívoca de que a ambos, foi necessário recorrer a um baixo miserabilismo para atingirem a idolatria de que hoje são alvo por parte dos seus prosélitos radicais e demenciais.
Não esqueço as palavras de Platini que não se enganou quando falou em batoteiros, referindo-se directamente ao grémio condenado por corrupção, ou as de Alex Ferguson, dizendo sem papas na língua, que o supracitado grémio comprava os seus títulos no supermercado. E não esqueço outros tantos episódios, de entre os quais saliento, por exemplo, o rasgão na camisola de Rui Jorge e de como isso foi pura e simplesmente branqueado e abafado para salvar a pele do tal "special" e do grémio que o acoitava – o clube da fruta e dos chocolatinhos.

No entanto o que me chocou, e que realmente é algo para o qual os Benfiquistas devem estar muito atentos, foi a acção que precedeu essa chantagem feita pelo "special" e que foi arquitectada e estimulada por alguém que viria a ser braço direito de LFV e com grandes responsabilidades no futebol do Glorioso – José Veiga, nessa altura empresário do "special" – mentor dessa jogada que colocou Vilarinho entre a espada e a parede. O presidente do Benfica, a meu ver bem, não se vergou perante este ultimato sujo e baixo de ambos os comparsas.
E aqui sim, é que surge aquilo que eu apelido de verdadeiras ratazanas de catedral. A vinda para o Benfica de José Veiga, não é senão uma atitude de révanche para com aquele que o escorraçou dos currais onde o próprio Veiga se entretinha a sorver champanhe pelas derrotas no Benfica nas finais da Taça dos Campeões. E na realidade, é péssimo para o Benfica e seus responsáveis, não escrutinarem devidamente quem ocupa lugares de destaque e de grande responsabilidade no clube. Todo o passado deste homem revela uma ambição desmedida e um aproveitamento do Benfica para satisfazer os seus desejos de vingança, independentemente de ter ficado ligado ao título de futebol de 2004, quando Trapattoni era o treinador da equipa do Glorioso.

Mas foram muitos, aqueles cujo comportamento tornaram o Benfica hoje tão vulnerável e com grandes dificuldades em se debater com um poder que o manieta sistemàticamente e que tem nos media o seu expoente máximo. Mas este tema será para outra ocasião.
O tema do poder.



Lembro-me de muitos que hoje beijam o emblema do Benfica e que o trazem na sua camisola ou na lapela do casaco e repetem, "Benfica! Benfica! Benfica!", mas que em tempos fizeram sangrar cruel e abundantemente o Glorioso.
Até jogadores que foram campeões europeus pelo Clube e que hoje fazem discursos nas Casas do Benfica para adepto e presidente verem, já tiveram comportamentos e atitudes sèriamente condenáveis.
Dos mais mediáticos, friso bem, só tenho estima e consideração por Eusébio, Coluna, José Augusto, Ângelo, Mário João e Artur para além de honrar a memória de Cavém, Germano, José Águas, Santana e Costa Pereira.
Fico-me por aqui, pois não quero abrir mais algumas feridas que para mim ainda não cicatrizaram.
E até o autor do livro que citei, navegou ao sabor da corrente durante muito tempo. Demasiado tempo. Tempo que ele bem sabia que corria contra o Benfica. Lembro-me bem dele como comentador da rádio, a norte, com a sua voz rouca a cantar loas a um tal Jorge Nuno. Jorge quê? Mas era esse o nome pelo qual este indivíduo era e é conhecido no mundo da bola? Bem me parecia que quando conveio e a fivela do cinto apertava, era "tu cá, tu lá, pontapé na bilha" com ele!
Quando alguém tem necessidade de se afirmar, dizendo que "é Benfiquista desde pequenino", começo logo a torcer o nariz…

Porque a realidade é que também foi à custa de muitos "benfiquistas de aviário", de conveniência, ou de oportunismo, como queiramos chamar-lhes e que em dados momentos se borrifaram para a defesa do Glorioso, que os tentáculos do polvo corrupto azul e branco cresceram desmedidamente, ao ponto de ganhar um poder incalculável e que perante o qual o Benfica tem baqueado sem apelo nem agravo, quer no campo desportivo quer nos seus bastidores. E hoje, infelizmente continua a havê-los. Alguns arrepiaram caminho, mas não deixaram de contribuir em determinados momentos, consciente ou inconscientemente para o que hoje acontece. O Benfica é grande demais, e apelidarem-no de "O Maior", é um epíteto que nos tem trazido prejuízos incalculáveis. Preferiria ser "O Melhor". No entanto, as atitudes de alguns sectores Benfiquistas da linha dura, deixam-me esperançado que este conceito seja cada vez mais uma realidade em detrimento do outro.

E não nos esqueçamos que Jorge Jesus, recentemente, se não fez uma coisa igual àquela que referi do "special", fê-lo de uma forma tão parecida que até o confundi com ele…
Mesmo na iminência de poder perder as próximas eleições, caso se candidate, LFV deveria ter-lhe respondido com um rotundo NÃO. Mas compreendo que LFV tremeu e temeu pelo seu futuro. As ratazanas da nossa Catedral, nas quais incluo os "benfi-quistos" dos media, a carneirada anti-presidente do Benfica na Gloriosasfera e outros espaços, e os indigentes objectores de (in)consciência benfiquista, nunca lhe perdoariam se deixasse fugir o treinador campeão para o antro corrupto. No meio deste dilema de quem decide – "preso por ter cão e preso por não ter" – aparece Jesus, "O Jorge", apregoado sofredor e fazedor de milagres - tal qual o Verdadeiro, o da Bíblia Sagrada - que hoje é beijado e reconhecido por muitos e muitos Judas iguais àquele que depois de oscular "O Nazareno", O vendeu por trinta dinheiros, não esquecendo também que Pedro "O Pescador", o seu eleito para a sucessão, O negou três vezes quando o galo cantou. Tal como há dois mil e dez anos atrás, os que hoje o apoiam, amanhã o negarão. Por mim, em função do seu histórico e dos seus antecedentes, mantenho, como desde sempre mantive, a minha neutralidade. No entanto, a realidade é que também, material, espiritual e profeticamente, este Jesus nada tem a ver com o da bíblia.
Por tudo isto, os adeptos da linha dura terão de aguardar, esperando que ao aumento para mais do dobro, dos seus proventos anuais ao serviço do Benfica, equivalha a que a equipa de futebol renda, pelo menos, duas vezes mais do que a época passada, que é como quem diz, transforme a água em vinho (prestação do Benfica na Champions) ou multiplique os pães (que neste caso são menos dez no campeonato) o suficiente para afogar a dor e matar a fome que vai na alma triste dos Benfiquistas.

Espero que quarta-feira, a vitória do Benfica em Israel seja tão real como foi a Terra Prometida ao povo de Moisés e Abraão, após errar durante quarenta longos anos pelo deserto.
No nosso caso já lá vão quarenta e nove!

Até quarta-feira e Viva o Benfica, Sempre!


GRÃO VASCO


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