6.5.11

A derrota de uma estratégia e do seu líder


O Benfica, no seu todo, tinha esta noite uma oportunidade de ouro para mudar os ventos da história.
Era à partida uma tarefa muito difícil e não o conseguiu. E a curto ou mesmo a médio prazo não o conseguirá fazer. Só se algumas coisas importantes forem alteradas, e ràpidamente.

No jogo de hoje, os nossos jogadores deram tudo o que tinham para dar. Não se pode pedir mais a quem não tem mais para dar.

O histórico destes últimos dois meses e meio não deixava antever muitas dúvidas quanto aos desfechos que aconteceram em catadupa – muito embora o Povo Benfiquista, na sua maioria, fosse acalentando algumas ilusões, incluindo eu próprio – e que constituem uma série única e negra de insucessos e derrotas humilhantes que irão ficar para sempre ligados a esta direcção, incluindo LFV e o staff técnico responsável pela equipa de futebol.

“Quando as coisas nascem tortas, tarde ou nunca se endireitam” – este é um velho adágio popular que se ajusta na perfeição ao descalabro desta época.

O defeso atribulado foi o início de um longo calvário que só parou na eliminação do Benfica, esta noite, da Europa League. Começou com Jesus num balancé, à espera do empurrão de LFV, acabando por tombar para o lado do Benfica, esquecendo o clube da fruta por uns tempos, mas recheando a sua conta bancária com o dobro do que ganhava e consequentemente a preparar a época de uma forma atabalhoada. As suas constantes fanfarronadas sobre a Champions League e mais algumas para consumo interno vieram a revelar-se perniciosas para o Clube, e mais uma vez e de forma chocante, foram patentes suas limitações a diversos níveis.
O deslumbramento quanto à época anterior foi total e reflectiu-se imediatamente na derrota na supertaça.

A par deste estilo, declarações dele e dos responsáveis directivos, incluindo o presidente, de que “somos os maiores”, “o Benfica é muito grande”, “somos o melhor clube do mundo”, “lutamos pela transparência”, “não vamos falar sobre árbitros”, fizeram e infelizmente continuam a fazer parte de uma estratégia, que está visto, não ajuda nada a concretizar as metas a que o Benfica se propõe. E essas metas são os títulos. E o que se verificou este ano, mais uma vez, é que houve um falhanço em toda a linha dessa mesma estratégia.

Tomo como exemplo Jorge Jesus, que há muito abandonou a atitude guerrilheira que era a sua imagem de marca em Braga, antes de ingressar no Benfica.

Será que esta postura tem a ver com as linhas estratégicas mestras delineadas pelo nosso presidente e pela sua direcção?

O que poderemos dizer é que este ano o nosso futebol, e não só, perdeu sem apelo nem agravo para o futebol do norte e para ambos os competidores directos – fcp e brácaros.

Podemos acrescentar que também foi por demais evidente que Jorge Jesus e o seu staff técnico perderam categòricamente o duelo que mantiveram com os dois treinadores e respectivos staffs dos competidores directos a norte – dentro e fora das quatro linhas.

E a nossa direcção? E LFV?
A nossa direcção foi claramente derrotada. Copiosamente, incluindo o director técnico e o director de comunicação e as próprias estratégias pessoais.

Quanto a Luís Filipe Vieira, e numa alegoria ao jogo de sueca que ele gosta tanto de jogar, é óbvio que levou três ou quatro chitos – rapadas – dos seus homólogos da Palermo portuguesa e de Braga.
Nem uma vasa fez…entreteve-se a distribuir, isso sim, casas na ilha da Madeira, mostrou as suas qualidades de filantropo, fez périplos pelo país e pelo Atlântico Sul, com condecorações e parcerias à mistura. Passeou a sua imagem como bem quis e melhor entendeu.
Mas, e a do Benfica?

A estratégia global e não só a do futebol falhou. Em toda a linha.
O estilo de liderança que se tem identificado com o presidente, tem, quer queiramos quer não, uma influência decisiva nas estratégias delineadas, na sua implementação e consequentemente nos resultados que todo o mundo Benfiquista anseia e pretende.

Quando os resultados não aparecem, tudo começa a ser questionado. É que no Benfica os resultados não podem ser indefinidamente obtidos a longo prazo e os Benfiquistas já deram muito crédito e tempo que baste para se verificarem sucessos consistentes e não pontuais como têm sido as vitórias esporádicas nos campeonatos.

O fascínio pelo poder é algo que transcende as próprias pessoas, mesmo aquelas que dizem que não estão agarradas a ele.
Mas no Benfica, a escolha faz-se livre e democràticamente, e quem pensa que pode perpetuar-se no poder conforme lhe convém, fazendo muitas vezes orelhas moucas de diversos alertas e críticas construtivas, está redondamente enganado.
A mudança quando ocorre, tem habitualmente a ver com as pessoas e se há alguém que hoje pensa que está de pedra e cal no Benfica, não pode nem deve esquecer-se disso.

E na realidade há que MUDAR alguma coisa – ou a liderança, ou o seu estilo, ou as estratégias e quem as implementa. Ou mesmo tudo. E convenhamos que o crédito será só de mais uma época.
Para mim é o timing limite.

GRÃO VASCO
 

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