Dubai, 28 de Dezembro.
Um mundo das arábias!
Um cenário de sonho, palco de muitos sonhos.
Faltava precisamente um quarto-de-hora para a 2.ª edição dos Globe Soccer Awards.
Com o respectivo convite e trajando o meu impecável smoking de estilo clássico, desci do 88º andar pelo elevador exterior revestido a folha de ouro, para o átrio do hotel, mais pròpriamente para o salão onde iria decorrer o certame.
Por instantes parei no 69º. Entraram três belas e esculturais jovens de linhas e decotes bem vincados pelos seus tailleurs negros, último grito de um qualquer estilista parisiense. Tòrridamente maquilhadas, sorridentes, mas denotando algum nervosismo e ansiedade.
No exacto momento da nova descida, ouviu-se o início de um diálogo em português com vozes bem conhecidas, pelo altifalante do elevador.
Y – Ligaram para mim a pedir-me…a pedir-me fruta para logo à noite. Posso…posso levar fruta à vontade?
G – Não é preciso que já está…já foi mandada!
Y – Não, não é isso! É para… é para… é para dormir.
G – Mas quem pediu?
Y – O homem que vai ter consigo, de tarde.
G – Ahhhhh! Mas sabe… o JP?
Y – Sim caralho! Ele ligou para mim a pedir-me… a pedir-me rebuçado para logo à noite.
G – Ahhhh! Sim, sim! Diga que sim senhor!
Olharam para mim, entreolharam-se embasbacadas. Olhei também para elas sorrindo, arreganhando o meu bigode grisalho com um semblante tìpicamente latino. Logo ouvi um breve murmúrio num sotaque abrasileirado.
O elevador parou, a porta abriu-se e reparei que o trio tomava também a minha direcção.
Curiosamente, tinha tido conhecimento antecipado que algumas mulheres iriam também receber uns awards…
“Normal” - pensei eu.
À porta do salão dois corpulentos “pidás”. Por gentileza, dei primazia às jovens. Os ninjas solicitaram imediatamente as suas acreditações e identificações.
Seus nomes – Hannah Danielle, Cláudia Cristina e Celina Fonseca!
Ohhhh! Eram nem mais nem menos as três prostitutas do célebre caso “Paixão, Quadrado & Chilrito”! – recordei, ainda atónito.
Após alguns anos em paradeiro desconhecido no Brasil, estavam agora no Dubai, prontas a receber também elas, os awards a que legìtimamente tinham direito. Burburinho e mosquitos por cordas, já com o trio a entornar o caldinho e a forçar a entrada…
Logo, logo, surgiram os senhores de Palermo e das Arábias do Freixo, convidando-as a renunciar e como compensação oferecendo-lhes mais duas semanas de estadia no hotel, com sol, compras e praia à descrição…, longe da judite e do SEF!
A um canto, Lourenço Pinto soltou um suspiro de alívio.
O sonho continuou.
Já dentro do salão “dourado”, com o chão revestido a mármore amarelo-ocre raríssimo, riquìssimamente decorado, vi um corrupto "javard" ser contemplado com mais um award…
Ao longe, nas últimas filas, rebentou uma salva de palmas…e uns estridentes efe-erre-ás – surpreendentemente, pareceu-me ver Rosa Santos, Alder Dante, Carlos Calheiros, Isidoro Rodrigues, José Silvano, Donato Ramos, Martins dos Santos, Augusto Duarte e mais alguns que se escondiam atrás de mantos de sheiks árabes como era o caso de Benquerença, Arturinho, Sousa, Vasco e Proença, dos inefáveis Costas e quejandos.
Quanto ao Paixão, não foi visto em lado nenhum. Soube-se mais tarde, que desta vez alguém lhe tinha falhado com a “fruta”. Assim, de mãos a abanar, ficou na suite do hotel. Aproveitou a oportunidade e à falta de melhor, “esgalhou uma pívia das arábias”!
Perante este cenário promíscuo, abandonei o local, meti-me no avião mais próximo e vim passar o réveillon a casa!
Ora nem mais, acordei nessa altura!
Ora nem mais, acordei nessa altura!
GRÃO VASCO
