11.1.12

O terramoto Djaniny


Gomes da Silva, inadvertidamente, ou não, deu o alerta – vinha a caminho forte borrasca!
O acontecimento deixou Palermo e o país que temos, à beira de um ataque de nervos!

As trombetas amariscadas de Matosinhos ressoaram.
Os tambores da fruta e do putêdo do Freixo rufaram.
As sirenes dos sapadores da Areosa apitaram.
Os sinos da igreja da freguesia das Antas tocaram a rebate.

Os rumores eram muitos.

Um forte sismo, com epicentro a sul, seguido de um grande tsunami iria alagar a Ribeira e engolir o farol da Foz. Temia-se um rombo na torre da corrupção e da fraude, mas seria da maneira que todas as facturas, documentos e cheques suspeitos iriam na enxurrada.

A corja corrupta esperneava.
A paineleiragem azul e bronca das TV’s berrava e barafustava.
O venerável mestre da loja maçónica das Fontaínhas atirava com o avental ao ar. O outro, o da loja de Massarelos espetava o compasso na cabeça.
O cardeal Policarpo e o seu bispo azul Clemente suplicavam por intervenção divina.
A IURD e o Porto Canal suspendiam os seus canais de televisão.
Miguel Macedo, ministro da Administração Interna, um dos integrantes de uma célebre comitiva a uma audiência papal em que a amante do presidente ia disfarçada de sobrinha (ou afilhada), ligava a Passos Coelho a pedir a demissão.
Por sua vez, Passos Coelho comprava umas velinhas de cerimónia na Feira da Vandoma e ligava para Paris e para a Berlim, perguntando a Sarkozy e a Merkel se alinhavam numa ménage à trois.
O ministro das Finanças pirava-se para o Bornéu.
O da Economia, o Álvaro, pedia ao pároco de Trabosa de Bodianca para ser rebaptizado com outro nome.
Cavaco Silva cancelava um périplo oficial pelo Burkina Faso, Berlengas, Formigas e Malvinas.
Arnaut e Relvas, aflitos, entornavam tinteiros sobre os projectos-lei da protecção aos jogadores portugueses e restrições à vinda de estrangeiros.

Filipa Vacondeus deixava agarrar o estrugido.
Castelo Branco fazia o pino no rabo de Betty Grafstein.
Teresa Guilherrme mandava encerrar a Casa dos Segrêdos.

O polícia de ronda à praça da Boavista mijava-se pelas pernas abaixo, atrás de uma esquina; o marginal que ele procurava desfazia-se numa diarreia medonha no meio dos canteiros do jardim.
O padeiro da Cedofeita semeava pão pela rua, mesmo à porta da imobiliária que serviu de entreposto de prostitutas e branqueamento de capitais.
O S. João exigia o fim das cascatas.

Vítor Pereira, com um torcicolo, queimava o diploma de treinador de futebol.
Giorgio descia vinte peidos à corda, blasfemava contra a Santa e dava mais um ralhete à neta.
A Torre das Antas abanava.

Chakall, à falta de melhor, fazia farófias com túbaros de passaralhos.

Os superdragões convertiam-se ao budismo, destituíam o símio e elegiam o Dalai Lama como líder espiritual da claque.
Mestre Albes do Celse, conhecido em Barcelos pelo “Tonalta”, indignado, rasgava as suas vestes de bruxo de pacotilha e inscrevia-se num curso de astronauta.
Os esgotos do mercado do Bulhão rebentavam.
A ponte da Arrábida estremecia.

Carolina Salgado, martirizada, participava como actriz principal no filme biográfico de João Botelho sobre Madre Teresa de Calcutá.
Filomena, em África, abraçava a causa missionária das Beneditinas.
O que restava do putêdo do Araújo, tomou votos no Mosteiro de Alcobaça, dedicando-se à oração e à doçaria conventual à base de chocolatinhos.
A netinha brasileira preparava-se para tirar o mestrado de não sei bem de quê, na Sorbonne, como colega de carteira de José Sócrates.

Caldeira & Angelino compravam drones americanos para bombardear off shores inimigas.
Lourenço Pinto arrepelava pela enésima vez as suas guedelhas desgrenhadas e escrevia uma carta de despedida a Benquerença.
Pidás e Macacos, com a Pocilga desfeita e porcos desaparecidos, preparavam-se para envenenar a nova Águia Vitória.
Herculano Lima sentava-se, sózinho, no camarote presidencial.
Fernando Gomes substituía o porteiro da sede da FPF.

O chef Silva esturricava o escabeche.

Vítor Pereira, o dos árbitros, comprava pífaros para a sua rapaziada.
Luís Guilherme ficava a tocar ferrinhos.
Evangelista inscrevia-se no curso de limpador de retretes.

Os submarinos do Portas encalhavam no areal do Cabedêlo.
A soldadêsca abandonava as trincheiras no Castelo do Queijo.
A populaça pilhava as lojas da Radio Popular na Trypalândia.

Mas porquê tanto alarido, tanto alvoroço, tanto desespero?

Simplesmente porque Djaniny tinha sido contratado pelo SL Benfica!

Vagões e vagões de Djaninys com atrelados repletos de empresários de toda a espécie e feitios chegaram durante anos e anos às portas da Torre das Antas – a época esplendorosa da corrupção, onde valia tudo.
Nessa altura ninguém dava por isso!
Não se passava absolutamente nada!
Pois esta semana, com os cofres esgotados pelas off shores, pela falta de liquidez, pela torneira fechada das instituições bancárias, com os primeiros ratos a abandonarem a barca corrupta, “aqui d’el rei que lá vem mais um terramoto”!

O último dos Djaninys tinha sido apanhado pelo Benfica na estrada que liga a Marinha Grande a Leiria!

 
GRÃO VASCO



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