- Aprendizes de feiticeiro ?!? -
Ontem foi noticiado que
decorria uma investigação da PJ sobre o árbitro auxiliar José Cardinal por
suspeita de corrupção. As notícias de hoje colocam-nos perante um caso, no
mínimo, desconcertante.
No post anterior referi que era prematuro
tirar qualquer tipo de conclusões, e perante duas notícias recentes já ficámos
a saber que o caso Cardinal tem contornos e características sui generis. Resta saber se haverá outro
tipo de ligações em relação a outros visados…
O facto é que o “escrutínio”
e o “trabalho bem feito” ou pelo menos tentativa disso, começa também a revelar
descuido, facilitismo e amadorismo à mistura. Faz-me lembrar o caso Francisco
Silva, mas sem a segurança reveladas à altura, pelos presumíveis corruptores,
que incrìvelmente nunca foram identificados e punidos…
Agora, destas coisas
já não tenho dúvidas.
É caso para nos
lembrarmos também de que o “feitiço pode, sempre e em quaisquer circunstâncias,
virar-se contra o feiticeiro” e que “lá em cima” também há “especialistas”, ou
talvez os melhores “especialistas” na defesa, manuseio e manipulação de casos
intrincados e que paralelamente lá existem os melhores “arquitectos” das tramóias
do futebol…
Portanto não será
novidade se o visado estiver bem “escourado”.
Em relação aos
elementos divulgados, há logo à partida um conjunto de interrogações primárias
e cuja resposta é difícil de dar.
Como é que a ex-companheira
de Cardinal sabia do depósito, ao ponto de – como referem as notícias – ter
feito a denúncia (com ou sem provas anexas, como é o caso do talão comprovativo
do depósito, e disso não temos ainda conhecimento concreto, dizem que foi uma
carta dactilografada) ao çeportèn a
tempo do seu companheiro ser suspenso, se o respectivo depósito tinha sido
feito dois dias antes do jogo?
Com a agravante do
facto poder ter sido conhecido pelo çeportèn
no dia anterior ou na manhã do dia do jogo…
Então Cardinal e a
sua ex-companheira ainda viviam no mesmo tecto?
Como terá tido ela acesso
ao talão de depósito ou à informação de que ele foi efectuado, ainda para mais
a mais na ilha da Madeira?
Terá o autor do
depósito, enviado o documento por “express mail” para casa de Cardinal e/ou
informado a mulher sobre o documento, de modo a que a informação ou o documento
chegassem a tempo, para Cardinal ser entalado para o jogo Sporting-Marítimo?
Afinal, segundo
notícia de jornais generalistas, terá sido um mandarete a soldo de alguém, ou até
por iniciativa própria, que se deslocou directamente do continente para ir
fazer o depósito à Madeira.
Qual o interesse do
talão do depósito ou a ex-companheira ter sido informada – tudo isto a ser
enviado de forma tão célere - tendo Cardinal a hipótese de confirmar o depósito
via informação multibanco?
E qual o contacto
entre o autor do depósito ou mentor da tramóia e a ex-companheira de Cardinal, alegada
autora da denúncia segundo as notícias nos diários generalistas de hoje?
Quando li a primeira
notícia de hoje, questionei-me sobre tudo isto.
Então mas a mulher
separou-se logo no dia ou dias seguintes imediatos à data do depósito?
E como veio o talão e
a informação parar à mulher no continente, ao visado ou a casa do mesmo, tão
depressa?
O caso é nebuloso e
as notícias nos jornais muito confusas.
Haverá muitas mais
questões, mais complexas, conforme o conhecimento mais aprofundado do caso.
Mas por agora deixo as transcrições do que de mais relevante foi noticiado hoje em alguns jornais generalistas
.
1
Inspectores da PJ estiveram hoje de manhã na sede do
Sporting. Casa e firma do vice Paulo Pereira Cristóvão também foram alvo de
buscas. Judiciária suspeita de "armadilha" ao árbitro José Cardinal.
A Polícia Judiciária está a fazer uma série de buscas relacionadas
com o chamado "caso Cardinal", revelado pelo DN nos últimos dias. Os
inspectores estiveram, esta manhã, em Alvalade a fazer buscas na SAD do
Sporting. A casa e a empresa do vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão foram
outro dos alvos da Judiciária.
De acordo com informações recolhidas pelo DN, as
investigações da Judiciária ao depósito de dois mil euros na conta do árbitro
assistente José Cardinal, dias antes do jogo dos quartos de final da Taça de
Portugal entre Sporting e Marítimo (em Dezembro de 2011), levaram os
investigadores até Alvalade e ao vice-presidente Paulo Pereira Cristóvão,
recorde-se, antigo inspector da PJ.
Os inspectores da PJ suspeitam que Paulo Pereira
Cristóvão terá concebido uma "armadilha" ao árbitro assistente. Para
isso, uma pessoa com ligações profissionais à sua empresa, a Primus-Lex, terá
ido à Madeira e efectuado o depósito na conta de José Cardinal – in DN
Desporto.
2
Um ato de vingança da ex-companheira de José Cardinal
levou à denúncia, feita por esta, ao Sporting e, posteriormente, à PJ, da
existência de um depósito de dois mil euros na conta do árbitro auxiliar, dois
dias antes do confronto entre leões e o Marítimo da Taça de Portugal. Em causa
estão suspeitas de corrupção desportiva.
José Cardinal é ex-funcionário dos CTT e, de momento, não
exerce outra atividade que não a arbitragem.
A relação do casal terá terminado em conflito e a
ex-companheira enviou documentos bancários, retirados da casa de Cardinal, que
farão prova do depósito na conta do auxiliar, alegadamente num banco na
Madeira.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a
"queixa" consta de uma carta anónima datilografada, foi feita ao
Sporting que a encaminhou para a Federação e a PJ. A investigação está entregue
à Unidade de Combate à Corrupção e começou em dezembro, pouco depois do
encontro (22 desse mês), tendo já sido ouvidas várias pessoas e determinada a
origem da denúncia.
O presidente leonino, Godinho Lopes, confirma a
investigação, mas refugia-se no segredo de justiça para não comentar.
Já Mário Figueiredo, líder da Liga, é igualmente
prudente. "É um caso de polícia. A seu tempo poderei ver o que se passa
para me poder pronunciar", afirma – in JN.
Soube mesmo agora
através da TV que Paulo Pereira Cristóvão, vice-presidente do çeportèn terá sido constituído arguido
neste processo.
Aguardemos.
GRÃO VASCO