12.9.14

O “Colaboracionista”


“Quem não quer ser lobo, não lhe vista a pele”

 

O título do artigo é expressivo – “Arbitragem nacional perde grande referência” – mas já lá vamos.

 

Antes, mencionar que partiu mais um dos abencerragens da Irmandade da Fruta. Para completar o ciclo faltam ainda Lourenço Pinto e mais alguns ratos de esgoto. No futebol e no apito, a dita “referência” só poderá deixar saudades aos seus grandes amigos da Palermo portuguesa, porque quem sabe do seu histórico na última vintena e meia de anos, quem ouviu ou leu as escutas do “Apito Dourado”, sabe que atrás de si deixou, sim, um rasto de promiscuidade, de compadrio e servilismo, revelando-se acima de tudo uma personagem sombria prestando contas e um inestimável serviço a capos azuis e broncos que fizeram da corrupção o seu mister.

 

Deixa também um legado pesado, especialmente as facturas na Marisqueira de Matosinhos e em muitos outros restaurantes deste país. Uma lacuna muito difícil de preencher. Ao nível de um relógio e uma nomeação inaugural de Martins dos Santos ou de uma viagem de Carlos Calheiros ao Brasil, pela Cosmos, ou mesmo de uma trapalhada vilarrealense à moda de José Silvano.

Todos, farêlo do mesmo saco.

 

Quando ontem, à mesa do café, comecei a desfolhar o pasquim das pêtas, hoje ainda mais perigosamente transformado no órgão oficioso do lagartêdo – “só” as oito primeiras páginas preenchidas por notícias e artigos eram alusivas a assuntos do grémio do fôsso – deparei-me com a página que ilustra este post.

 

Ri-me com a parangona. Procurei o autor do artigo. De seu nome, Miguel Amaro. Talvez mais um escrevinhador de pacotilha. Mas não. Muito pior do que isso, pois ao ver e ao ler essa página constatei que o dito artigo estava incompleto e pecava por diversas omissões. Curiosamente, virei a página para saber do percurso pós-árbitro da dita “referência”, ao ter enveredado por funcionário para todo o serviço sob as ordens do Rei das Bufas. Já não encontrei mais nada. O escriba perdeu-se na sua “investigação histórica e biográfica”, “esquecendo-se” de relatar as mariscadas, de especificar o teor das escutas telefónicas, todas as actividades subterrâneas bem audíveis no diálogo apanhado numa delas, em que o outro interlocutor era o lendário Valentim Valentão e tudo o resto relacionado com o trabalho obscuro e no mínimo duvidoso da sua “referência” em prol do fcp, vulgo fruta corrupção & putêdo, mas tendo a distinta lata de argumentar que o desempenho do sujeito no fcp sobre o “acompanhamento de árbitros”, é uma “figura” que os outros clubes também têm, como que validando assim, o seu rico “trabalhinho” ao serviço do grémio da fruta.

 

Quando acabei de ler a totalidade da página, senti que esta parecia uma encomenda bem embrulhada com odor a branqueador. É que os textos bem poderiam ter sido todos da autoria de Rui Cerqueira, director de comunicação dos azuis corruptos da Palermo portuguesa, pois constituíram-se na perfeição, como um requiem laudatório por uma personalidade que ajudou a que o futebol português nos últimos trinta anos se tivesse tornado numa das mais incríveis bandalheiras que o nosso triste país jamais teve.

Fica a assinatura do artista – Miguel Amaro.


GRÃO VASCO

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