7.1.15

A exumação da trafulhice



Quando ainda ontem, já a noite ia alta, abri a net e deparei com esta notícia da RR, senti-me transportado num drone sobrevoando a Coreia do Norte, tentando diferenciar aqui e ali os sete cortes de cabelo permitidos por lei aos seus cidadãos. Logo a seguir, ao lê-la, foi como que ir a bordo da máquina do tempo, regressando ao passado negro da Alemanha nazi, assistindo a mais uma mentira de Goebbels propagandeada nos seus encenados comícios. Por fim, ao olhar com mais atenção para a fotografia, pareceu-me ver um maléfico Balrog de Morgoth de boné, um demónio do mundo antigo da saga do Senhor dos Anéis.

 

O título tem tanto de surpreendente como de mentiroso. Ostracizado pelo culto da personalidade dedicado ao maior bandido deste país futeboleiro que não permitiu durante trinta anos que nem sequer os seus esbirros pronunciassem o nome dele, vêm agora alguns saudosos desse tempo sinistro de permanentes conflitos, tentar ressuscitá-lo em mais uma manobra que define à saciedade o bando de canalhas que continua a dominar o futebol na Palermo portuguesa.

 

Este artigo é o paradigma disso mesmo. Em face dos novos tempos e da visível decrepitude e decadência do caudilho corrupto, os seus idólatras e prosélitos, cientes desse irreversível défice, tentam em desespero de causa e quando a ocasião se proporciona, exumar um passado de crápulas, trafulhas, corruptos, mentirosos e intriguistas que foi a semente de um ódio que ainda hoje se reflecte na sociedade portuguesa e que teve a sua principal incidência no futebol do país.

Esta semente do ódio, germinou numa cave bafienta da Palermo portuguesa em redor de um caixote de ripas servindo de “mesa de sueca”, por entre fardos de bacalhau, ases de trunfo e biscas sêcas, sacas de batatas, feijão e hortaliça, regada por três pintos mafiosos e um “Cartola”, e lançada à terra por este último, um canalha da pior espécie, com um carácter intragável eivado de complexos de provincianismo, elegendo o Benfica como o Grande Satã e Lisboa “a mãe de todos os males seus e do seu grémio”. Não deixou saudades a ninguém. O ancião respeitável Mário Wilson, “capitão” brioso e vermelho de coração, João Rocha, o já desaparecido e sério presidente do Lagartêdo ou parte importante da própria família que o digam. Até Giorgio, o caudilho da corrupção tentada, o apagou do mapa político da sua agremiação durante anos e anos.

 

Mas, em face da deterioração que se verifica a norte, com a visível perda de influência no panorama desportivo e futebolístico nacional do grémio da fruta & do putêdo, e do findar do seu ciclo tenebroso que se adivinha próximo, os alienados azuis e broncos tentam agarrar-se a tudo o que possa mantê-los vivos. Assim, resolveram mais uma vez, desesperadamente, exumar hoje, um dos símbolos maiores da trafulhice futeboleira portuguesa, com artigos deste calibre, declarações de alguns papagaios, de “josés netos, olímpios bentos e manuéis sérgios” deste país - doutos professores das ciências filosófico-desportivas de cárácácá - e homenagens por encomenda em pólos ditos universitários. Já o tinham tentado há bem pouco tempo, colocando o seu caudilho-mór como declamador de pacotilha e protagonista de uma farsa mediúnica - uma ridícula cena teatral bem à medida de outro comparsa azul e bronco, o celebérrimo mestre Albes do Celse – falando para uma imagem emoldurada do defunto e prometendo a esse demónio do mundo antigo, desaparecido há trinta anos, títulos e honrarias que nunca vieram a ser concretizados. A mascambilha já não é o que era e vai cada vez mais borregando de pôdre. Mas ainda assim estrebucham. E este artigo como alguns outros por aí hoje espalhados nos pasquins habituais, são bem o exemplo da hipocrisia e da canalhice que continua a grassar no mundo da bola, a norte.

 

“Revolucionou o quê?

Tá bem tá!”

 


GRÃO VASCO

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