5.2.15

No dealbar da derrocada



O percurso do Pistoleiro de fôsso é uma estória triste, como muitas outras protagonizadas por pequenos ditadores. O seu populismo, a par do seu instinto persecutório e das suas atitudes de permanente conflitualidade têm despertado alguns apoios, mas paradoxalmente muitos mais ódios de estimação, mesmo entre as suas hostes. Os resultados a curto prazo serão a chave da sustentação desta figura na esfera do poder.

 

E pela sequência dos acontecimentos poder-se-á admitir que a derrocada já começou. Ontem, em Setúbal - mesmo com todos os pasquins desportivos a branquearem estratègicamente nas suas capas de hoje a eliminação do lagartêdo da Taça da Liga, desviando as atenções para o derby de domingo, especulando sobre o contrato de Jorge Jesus, dando enfâse à formação juvenil e fazendo figas para que no domingo o Benfica caia – o Vitória garantiu a sua presença nas meias-finais daquela competição e atirou pela borda fora, sem apelo nem agravo, a agremiação do fôsso.

Mais um passo em falso e o Pistoleiro será, mais mês menos mês, engolido pelo turbilhão.

A sua postura ditatorial e populista colocou a fasquia demasiadamente elevada, abrindo várias frentes numa batalha cuja guerra, inicialmente de desfecho imprevisível terá a partir agora altas probabilidades de fracasso total. Concomitantemente abriu feridas com alguns “irmãos de armas”, impossíveis de sarar, ao confrontá-los precipitadamente com processos judiciais e tem alimentado polémicas internas ao ponto de ter estado iminente a demissão do seu mais jovem marechal-de-campo. Como se isto não bastasse ainda teve o desplante de atirar para a lama um dos ícones desportivos mais queridos do seu grémio e da sua massa adepta.

Se juntarmos a isto a precária estabilidade institucional, financeira e desportiva da agremiação, o cenário adensa-se fortemente, prevendo-se a curto prazo forte borrasca.

 

O único elo que lhe tem garantido alguma coesão no grémio, tem sido o apoio incondicional da Juventude pretoriana do fôsso a par de alguns títeres que sempre que são chamados pelo Pistoleiro, têm vindo a terreiro defendê-lo, roçando o ridículo e fazendo tristes figuras.

 

Ontem, acabou a Taça da Liga para o lagartêdo. Dirão eles que não importa. É uma competição menor. Mas atenção, no domingo, bem poderá acontecer o mesmo com o campeonato da Liga.

E aí, a Juventude pretoriana do fôsso já não lhe perdoará.

E isto, porquê?

Como é do domínio público a desavença entre o Pistoleiro e o seu marechal-de-campo esteve à beira de provocar a ruptura total entre os dois. Pois nos mentideros do lagartêdo, correu o rumor que o trágico desfecho foi evitado através de uma intervenção rápida de dois dos cabecilhas da Juventude pretoriana que conseguiram juntar à mesma mesa os desavindos, “obrigando-os” a fazerem as pazes. Isto aconteceu devido às boas relações mantidas pelo Pistoleiro com aquela temível organização.

No entanto, a evolução dos acontecimentos trouxe novos dados que poderão contribuir para que este clima de paz pôdre se deteriore irreversìvelmente. Isto porque o Pistoleiro perdoou à organização a verba que lhe estava assacada pela co-responsabilidade no acto de vandalismo provocado no recinto do seu rival – deflagração de um incêndio que danificou gravemente a estrutura de parte de uma bancada - e que correspondeu a aproximadamente um terço da indemnização de mais de meio milhão de euros a pagar ao rival, mas no entretanto, apresentou-lhes um nova “factura” correspondente ao montante de multas por mau comportamento e que ascendem quase ao mesmo valor que lhes tinha sido perdoado. Esta decisão levantou uma onda de indignação no seio da organização e a ira dos seus cabecilhas, tudo levando a crer que as relações tendem a azedar-se. A organização aguarda o desfecho do desafio de domingo e é certo e sabido que em caso de derrota do lagartêdo, ela tudo fará para que o derrube do Pistoleiro seja uma realidade a curto prazo.


GRÃO VASCO


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