19.5.15

A barbárie não tem perdão!



José Magalhães, 43 anos. Dois filhos menores, de 9 e 13 anos. Com eles, o avô.

Num ápice, um dia de festa e de exaltação clubística transforma-se para eles num cenário de terror, de violência, de intolerância, de incompreensão, de desproporcionalidade.

Um monstro fardado, de luvas pretas e bastão em riste, arremete furiosamente. O mais pequeno, horrorizado, indefeso e impotente, chora e grita, mijando-se de mêdo. O mais velho em socorro do progenitor, gesticula numa aflição tremenda. O idoso, tentando acalmar os ânimos, é esmurrado com dois sôcos à Mike Tyson. Só lhe falta ser mordido numa orelha e arrancarem-lhe um pedaço à dentada.

O pai rebola e esperneia como se de um porco para a matança se tratasse. É imobilizado como um animal feroz. A besta segura-o pelo cachaço e esfrega-lhe a face na relva. É a humilhação final!

 

A impunidade e a irresponsabilidade campeiam de mãos dadas num relvado inclinado, conspurcado por uma malhação de brutalidade animalesca e violência gratuita.

 

“Se queres conhecer o vilão, mete-lhe uma vara na mão”!

 

São quatro da madrugada. Paradoxalmente, sinto-me chocado e indignado após uma noite de celebração e alegria, junto dos meus dois queridos filhos e do senhor meu pai.

Podíamos ter sido nós.

Arrepio-me. Estou perturbado. Silencioso, passo por cada um dos quartos dos catraios. Dormem como anjos envoltos no Manto Sagrado. Serenamente. Sonhando talvez com uma bola, com um estádio vibrante inundado de papoilas saltitantes e gritando "Campeões, nós somos Campeões!". Não vejo nenhum subcomissário de polícia. Não vejo polícias ninja. Só o sossego da noite, numa madrugada que já vai alta. Dói-me o corpo, surrado pelas imagens de uma violência extrema e tenho a alma dilacerada por um bastão de ódio e irracionalidade.

 

A barbárie não tem perdão!

 


GRÃO VASCO

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