Mais de quatro décadas me separam da tua
juventude.
Percorrendo todo o historial do Sport
Lisboa e Benfica desde quando fui menino e moço como tu, até aos dias de hoje,
habituado a vibrar com os golos fabulosos da maior lenda do futebol português,
com as suas portentosas exibições, vi em ti, no dia em que como titular
marcaste aquele golo fenomenal à Académica, na Luz, o verdadeiro sucessor de
Eusébio.
O regresso a esses tempos gloriosos e
vitoriosos que pareciam uma miragem desvanecida na bruma do tempo foi reflectido
na tua magnífica exibição dessa memorável noite.
O encanto, a vivacidade, a pujança, a
técnica, a alegria de jogar, perpassaram novamente pelo Templo Sagrado à
velocidade de um meteoro. O Benfica, de um momento para o outro passou a estar
elevado à potência máxima!
Foi absolutamente fantástico!
A tua dimensão galáctica que outros invejam,
depressa te transformou num dos jogadores jovens mais cobiçados no cenário
futebolístico europeu.
Nunca te deslumbraste e foi essa maturidade
- ao contrário da opinião de muito pulha que chafurda na lama futeboleira
indígena na qual incluo comentadores e opinadores canalhas de uma comunicação
social troglodita e asquerosa - que te alcandorou ao patamar dos grandes astros
do futebol.
No Benfica, a tua passagem meteórica foi
brilhante. A frescura do teu futebol foi como que um elixir que me rejuvenesceu,
que me entusiasmou desmedidamente, que me tem levado a gritar os golos do
Benfica como há muito não gritava, que rejuvenesceu muitos outros que tal como
eu viram em ti o despertar de uma nova era, muito igual àquela que deu gerações
excepcionais de jogadores benfiquistas.
A verdade é que hoje, os tempos são outros.
O mundo do futebol, tal como qualquer meteoro, gira a uma velocidade cósmica.
A partir daquele momento em que marcaste
aquele golo, todos sabíamos que a tua passagem pelo planeta Benfica seria
fugaz, mas lembra-te sempre que foi o Manto Sagrado que te consagrou.
Lá longe, na Baviera, espero que o tenhas sempre
bem justinho à pele, porque o Bayern, para além do tilintar do vil metal, será para
ti também uma mera passagem rumo à Galáxia dos Grandíssimos.
Felicidades, Renato!
GRÃO VASCO