16.9.16

A reinvenção do “Portunhol”




O “Portunhol”, um idioma peninsular de outrora e que estava relegado há muitos anos para o baú das nossas mais cómicas recordações, foi na inesquecível noite da pretérita quarta-feira, brilhantemente rejuvenescido e reavivado no flash interview e na sala de imprensa do estádio Santiago Bernabéu, em Madrid, após o desafio que opôs o Real ao grémio do fôsso, pelo mestre poliglota da Universidade da Amadora. Quem sabe se, após este pitoresco episódio, num futuro próximo, o Ministério da Educação não o incluirá já como disciplina obrigatória no programa do ensino básico e secundário do nosso país.
Até os “nuestros hermanos” ficaram rendidos a tamanha versatilidade e fluência linguística!

Sem dúvida alguma que após aquele momento de grandeloquência quando se referiu categoricamente ao “minuto 88” – minutcho otchentcha e otcho, em PortunholRorgue Resús, “el maestro políglota”, como é já conhecido no país vizinho, arrebatou por completo as audiências. Todo o mundo intelectual e literário ibérico rejubilou com a façanha. Finalmente tinha aparecido um “cérebro” a reinventar o Portunhol!

O Portunhol é, no domínio da linguística, uma mescla do português boçal com o espanhol carroceiro, que não o castelhano genuíno, o principal idioma de Espanha. No entanto, foi adoptado ao longo dos tempos, especialmente como último recurso dos analfabetos, quando há que dar respostas a questões que estão muito acima do que são as suas próprias e reais capacidades e limites.

A valorização deste idioma ficou bem patente na forma como o mestre poliglota introduziu novas palavras no léxico portunholês. Vocábulos como “Jamiz” ou “afécion” (Jamez e afición em castelhano), ou ainda expressões como “me cambia de banquilho”, “nem com o réfri (inglesismo derivado de referee), nem com o árbitro” demonstraram que não foi em vão que o maralhal intelectual do fôsso do lagartêdo, foi a Madrid - futebolísticamente podem ter conhecido o sabor acre de uma derrota ao soar do gongo, mas no que diz respeito a línguas, os espanhóis, muito particularmente os jornalistas, levaram uma cabazada das antigas com este recurso do mestre poliglota ao Portunhol, um idioma esquecido mas que naquela noite fez inveja a muito erudito e as delícias de muita gente na Ibéria.

O lipoaspirado do fôsso é que tem razão. Rorgue Resús, esse catedrático do Portunhol, é um artista. Um verdadeiro artista que até nem se coibiu de, já na conferência de imprensa pós-jogo, soltar o melhor desabafo da noite:
“- Até já estou a falar espanhol e tudo!...”

Hasta la vista! Olééééééé! – digo eu.

P.S. - a obra completa vai ser lançada dentro em breve. Para já poderão conhecer a capa do livro, bem como o DVD que o acompanha e que reproduz na íntegra a lição de Portunhol, dada pelo autor à CS espanhola e portuguesa presentes no auditório do Santiago Bernabéu. O prefácio, como sempre, nestas coisas, é do inenarrável Nuno Lagartixa das saraivadas.



GRÃO VASCO


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