Os
ponteiros do relógio avançavam inexoravelmente para as doze badaladas. Cinco
estarolas na TBI 24 dedicavam-se como habitualmente aos malabarismos mediático-futeboleiros.
Com
o som do televisor baixinho, especialmente pelo ruído de fundo que Rui Pedro
Brás e Pedro Sousa (os outros, um tal de Dani, um tal de Luís e mais o
moderador, não contam para o PIB), produziam - dois tagarelas, que para
justificarem o que ganham não param de matraquear as audiências com tretas e baldretas - lá ia observando os
seus semblantes. Ansiedade, ansiedade, ansiedade. Aquele bando de aldrabões, em
esgares fugazes, ia apontando àvidamente para o relógio. Rafa, Rafa, Rafa, só dava
Rafa. Qual Slimani, qual Adrien, qual caralho! Qual Leicester, qual Markovic,
qual caralho!
O
ponteiro dos minutos apontava um quarto para a meia-noite, quando aconteceu um
primeiro e único estremeção. Não, não pensem que era o Pedro Sousa a cagar mais
uma bazófia ou o Brás a arrotar a moelas estufadas. Não era nada disso.
Então
o que se passava?
Era
o Rafa a assinar o contrato com o Benfica. Que chatice!
Toda
aquela corja, a aguardar, ansiosa pelo aborto negocial, e mais uma desfeita da entourage gloriosa.
Queriam
sangue, mas tiveram que meter as violinhas no saco!
As
notícias de Braga, das tais “fontes” de merda, chegavam fresquinhas, mas
confusas. Uma paródia para a audiência Benfiquista que sempre acreditou que
Vieira já tinha o Salvador, o Araújo e o Rafa bem presos pelos tomates.
E
não era de agora, era de há muito.
Nunca
vi tanta barata tonta junta e em directo!
A
garotada da TBI, uns putos que lamentavelmente nunca deixaram de o ser, não
acertavam com a bogalha. Os grilos falantes do Brás e do Sousa balbuciavam - agora
era o Fonte, depois o Celis, afinal era o Benítez, era o grande negócio do
Braga, era a transferência de maior valor, eram os dezasseis milhões, eram os
fundos de solidariedade, eram os valores dos passes dos jogadores. Era tudo
menos uma grandíssima vitória do Benfica.
Sodomizados
por cima e por baixo, lá iam esperneando, barafustando, de monco caído e com
uma dificuldade imensa em sentarem-se nas cadeiras. Porra, aquela doeu-lhes!
Um
autêntico terramoto!
Ora
com que então o Rafa lá assinou pelo Benfas, ora f…!
…Ah,
mas o ceportèm.. e tal e coiso… tem
lá uma grande equipa, ai isso é que tem, não tenham dúvidas… e continuaram com
o mesmo treinador, e assim, e assado, e frito e cozido!
Mas
o Rafa no Benfica!... Essa não, essa não podia nem devia acontecer!
Passei
de raspão pela SIC Notícias. Outro festival!
O
professor Rogério Ludovico com a
prosápia de sempre e o embaixador de pacotilha, o Ignácio, o tal das ralações internacionais, com umas
trombas que davam duas vezes a volta ao fôsso
do lagartêdo!
E
o Gomes da Silva extasiado, rindo-se, a presenciar aquele espectáculo único!
O
anão extra surpreendentemente azamboado!
Pudera!...
Aquilo não tinha corrido à maneira! Porra!... E logo o Rafa!
O
que eu me ri!
Oiço
o toque do meu telemóvel. É a voz de Luís Piçarra cantando “Sou do Benfica,
isso me envaidece”… de Lisboa vão-me dizendo que no exterior do Estádio da Luz,
em seu redor, ouve-se baixinho – Rafa,
Rafa, Rafa!
Liguei
novamente para a TBI 24. Apareceu a Ana Sofia Cardoso, esse bijou alentejano a coordenar os
estarolas. Enviei-lhe dois beijinhos pela pantalha e exclamei:
Pronto,
pronto, já está!
Hoje
foi o Rafa. Amanhã há mais!
Desliguei
o televisor.
Não
foi por ela. É que eu já não conseguia ouvir mais aquelas picaretas falantes!
GRÃO VASCO