1.9.16

O terramoto




Os ponteiros do relógio avançavam inexoravelmente para as doze badaladas. Cinco estarolas na TBI 24 dedicavam-se como habitualmente aos malabarismos mediático-futeboleiros.
Com o som do televisor baixinho, especialmente pelo ruído de fundo que Rui Pedro Brás e Pedro Sousa (os outros, um tal de Dani, um tal de Luís e mais o moderador, não contam para o PIB), produziam - dois tagarelas, que para justificarem o que ganham não param de matraquear as audiências com tretas e baldretas - lá ia observando os seus semblantes. Ansiedade, ansiedade, ansiedade. Aquele bando de aldrabões, em esgares fugazes, ia apontando àvidamente para o relógio. Rafa, Rafa, Rafa, só dava Rafa. Qual Slimani, qual Adrien, qual caralho! Qual Leicester, qual Markovic, qual caralho!

O ponteiro dos minutos apontava um quarto para a meia-noite, quando aconteceu um primeiro e único estremeção. Não, não pensem que era o Pedro Sousa a cagar mais uma bazófia ou o Brás a arrotar a moelas estufadas. Não era nada disso.
Então o que se passava?
Era o Rafa a assinar o contrato com o Benfica. Que chatice!
Toda aquela corja, a aguardar, ansiosa pelo aborto negocial, e mais uma desfeita da entourage gloriosa.

Queriam sangue, mas tiveram que meter as violinhas no saco!
As notícias de Braga, das tais “fontes” de merda, chegavam fresquinhas, mas confusas. Uma paródia para a audiência Benfiquista que sempre acreditou que Vieira já tinha o Salvador, o Araújo e o Rafa bem presos pelos tomates.
E não era de agora, era de há muito.

Nunca vi tanta barata tonta junta e em directo!
A garotada da TBI, uns putos que lamentavelmente nunca deixaram de o ser, não acertavam com a bogalha. Os grilos falantes do Brás e do Sousa balbuciavam - agora era o Fonte, depois o Celis, afinal era o Benítez, era o grande negócio do Braga, era a transferência de maior valor, eram os dezasseis milhões, eram os fundos de solidariedade, eram os valores dos passes dos jogadores. Era tudo menos uma grandíssima vitória do Benfica.
Sodomizados por cima e por baixo, lá iam esperneando, barafustando, de monco caído e com uma dificuldade imensa em sentarem-se nas cadeiras. Porra, aquela doeu-lhes!
Um autêntico terramoto!

Ora com que então o Rafa lá assinou pelo Benfas, ora f…!
…Ah, mas o ceportèm.. e tal e coiso… tem lá uma grande equipa, ai isso é que tem, não tenham dúvidas… e continuaram com o mesmo treinador, e assim, e assado, e frito e cozido!
Mas o Rafa no Benfica!... Essa não, essa não podia nem devia acontecer!

Passei de raspão pela SIC Notícias. Outro festival!
O professor Rogério Ludovico com a prosápia de sempre e o embaixador de pacotilha, o Ignácio, o tal das ralações internacionais, com umas trombas que davam duas vezes a volta ao fôsso do lagartêdo!
E o Gomes da Silva extasiado, rindo-se, a presenciar aquele espectáculo único!
O anão extra surpreendentemente azamboado!
Pudera!... Aquilo não tinha corrido à maneira! Porra!... E logo o Rafa!

O que eu me ri!
Oiço o toque do meu telemóvel. É a voz de Luís Piçarra cantando “Sou do Benfica, isso me envaidece”… de Lisboa vão-me dizendo que no exterior do Estádio da Luz, em seu redor, ouve-se baixinho – Rafa, Rafa, Rafa!

Liguei novamente para a TBI 24. Apareceu a Ana Sofia Cardoso, esse bijou alentejano a coordenar os estarolas. Enviei-lhe dois beijinhos pela pantalha e exclamei:
Pronto, pronto, já está!
Hoje foi o Rafa. Amanhã há mais!
Desliguei o televisor.

Não foi por ela. É que eu já não conseguia ouvir mais aquelas picaretas falantes!


GRÃO VASCO


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