15.2.11

Confissões de um arrependido



«FC Porto usa as pessoas como se fossem guardanapos: limpa e deita fora»Carlos Pereira

Já havia algum tempo que o presidente do Marítimo dava indícios, embora ténues, de que a mistela à base de fruta e chocolate que fez durante anos parte da ementa do seu grémio tinha azedado. Na sexta-feira passada, após dias de forte indisposição, acabou por entornar o “caldinho” que mesmo assim ainda durou um bom par de anos.

Quem não se lembra daquele arranca-pinheiros do “Bicho”, em missão de serviço na ilha, envergando o “jersey” verde-rubro, a enfiar, com uma monumental cabeçada, a bola na própria baliza começando logo a dar vantagem ao clube “amigo” do contenante?
Quem não se lembra do negócio “Pepe” e da novela “Bruno”?
Eram os “bons velhos tempos” em que Palermo pescava à tripa forra em águas maritimistas e tudo eram rosas azuis e brancas. Até o cacique do Tio Alberto metia a colherada e “abençoava” aquela luta provinciana e bacoca contra a capital, ao nível do futebol. O bicho-papão estava na Luz, em Lisboa e nem sequer o imenso e fervoroso Benfiquismo das nobres gentes madeirenses era devidamente respeitado.

Um cenário de ilusão que se foi esfumando com o tempo. A evolução dos acontecimentos trouxe consigo a constatação de outra realidade, bem cruel. Sob o lema, dividir para reinar, Palermo virou a agulha para a Choupana, e logo o Marítimo começou a ver a banda passar.
As promíscuas amizades da società recém-formada – Pinto, Alves, Araújo & Quejandos – trataram de inverter uma situação que foi durante décadas, de supremacia notória do Marítimo versus o seu arqui-rival ilhéu. Alves tinha finalmente passado as palhetas a Carlos Pereira, socorrendo-se do seu ás de trunfo – o celebérrimo “toca a andar”, das não tão menos celebérrimas escutas do apito dourado.

[A talhe de foice, um episódio que merece ser relembrado.
Lá diz o povo que uma desgraça nunca vem só. E recentemente, na hora de mais uma que abalou a ilha de lés-a-lés após uma tempestade em que grandes enxurradas causaram situações dramáticas, uma Instituição houve que disse imediatamente presente – o Benfica, através do seu Presidente e da sua Fundação. Um contributo sem qualquer pretensiosismo ou segundas intenções que calou bem fundo em todos os Madeirenses e particularmente naquele que em tempos preferia outras cores continentais e alfinetava o Glorioso. O truculento Tio Alberto mostrava uma profunda gratidão e admiração por aquilo a que o Benfica se tinha comprometido – ajudar a Madeira e as suas gentes que foram atingidas pelo drama da morte e da destruição. Entre outras acções o destaque para a oferta de três apartamentos entregues a quem mais precisava, não olhando a clubismos ou politiquices. São estas coisas que marcam bem a diferença entre aqueles que foram apelidados de batoteiros por Platini e que faziam e aconteciam e uma entidade de dimensão universal com valores e princípios exemplares que se solidarizou de imediato com as vítimas dessa catástrofe.]

Carlos Pereira, de saco cheio, acusou e de que maneira, as últimas ferroadas do seu antigo aliado – o affaire Kléber e a traiçoeira facada “Djalma” que soou e bem, a mais uma requintada vendetta urdida pela corja corrupta de Palermobotando a boca no trombone.
Pagou e vai pagar bem caro pela ousadia. Para além do rombo no plantel, vai ter um processo às costas movido pela entidade, que, ironia das ironias, foi em tempos, juntamente com o respectivo presidente condenada por corrupção desportiva na forma tentada e que não perdoa nunca a quem rompe com a lei do silêncio. Um autêntico golpe à italiana.

Anos e anos de conluios e cumplicidades com a Irmandade da Fruta dá nisto ou dá em ameaças físicas, algumas concretizadas.
Carlos Pereira que se ponha a pau, pois estando e vivendo numa ilha, os piratas não acabaram nos séculos XVIII ou XIX. Continuam com as suas façanhas desde o Mar da China ou Mar Vermelho até Palermo. E depois, incursões por essas ilhas perdidas no meio do Atlântico são coisa que não falta. Até parece que estou a vê-lo a cavar para o refúgio da ilha, o Curral das Freiras, com o Tio Alberto a amansar os cavalos

A instauração de processos judiciais é coisa típica daquela irmandade. Tudo o que denuncie ou revele os podres e mascambilhas daquele submundo contumiliano é alvo da justiça.
Mas qual justiça?
Todos sabemos que é a justiça “à la Palermo”. É, por exemplo, a justiça de um juiz, que como testemunha disse à boca cheia que 2.500 euros era pouco para subornar um árbitro. São por exemplo, todas as decisões favoráveis para um infractor execrável punido pela justiça desportiva e que é ilibado em todos os processos civis em que as escutas não contam como meios de prova.
Veremos como muitos desses juízes da cidade que Mourinho apelidou e bem de Palermo, esses célebres juízes que se sentam, convidados, na primeira fila da tribuna presidencial do estádio do grémio da fruta, se irão comportar em mais esta afronta a um status quo que já fede pelo país inteiro.

Tão amigos que nós éramos…

GRÃO VASCO

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