16.3.11

A comédia leonina


No cinema, na TV, no teatro, tenho assistido a belíssimas comédias, mas esta, como a própria ilustração sugere, é única e por mais que esteja perante uma patética desgraça tenho mesmo que me rir perante as ridículas actuações dos seus intérpretes.

Como diz o povo, “atrás de tempos, tempos vêm”.

Nada melhor do que este adágio popular para recordar outras épocas. Épocas marcadas por erros próprios que mereceram o achincalho, o vilipêndio, o gozo e o escárnio de terceiros, que, ironias do destino, bebem hoje o seu fel e provam do seu veneno.

Já lá vão os tempos de Damásio e Vale e Azevedo, feridas abertas e profundas, cuja cicatrização foi muito difícil e que colocaram o Glorioso Benfica à beira de um enorme precipício.
O Benfica e os Benfiquistas arrepiaram caminho e à custa de um esforço gigantesco de vários Indefectíveis, o Clube reergueu-se das quase cinzas, cresceu novamente e hoje posiciona-se num patamar elevadíssimo, único no desporto nacional.

Qualquer Benfiquista, nessa altura, talvez a mais crítica de toda a vida do Sport Lisboa e Benfica, sentiu a humilhação cruel do seu rival de Lisboa e de muitos dos seus adeptos, que cuspiram e calcaram das mais variadas maneiras os nossos símbolos e os nossos verdadeiros valores e princípios.
Foram tempos difíceis que me deixaram uma enorme amargura e que jamais esquecerei.

E ironia das ironias. Quem desbragadamente escarneceu da desgraça alheia, quem nos quis empurrar para um beco sem saída – o pacto secreto Roquette/Giorgio para acabar com o Benfica é uma das provas – quem rejubilou com um processo de extinção quase consumado de uma forma sádica, está hoje num estado moribundo, numa situação sem rei nem roque, ingovernável, falido e ausente dos tais valores que se fartaram de apregoar no passado.

Esta entidade tão leonina e ao mesmo tempo tão pérfida no seu comportamento com o Sport Lisboa e Benfica é o Çeportèn – um Ç com cedilha e o acento grave no è, constituem a minha homenagem ao Gençelerbirligi, clube turco que há umas épocas atrás colocou este grémio no seu devido lugar…

No entanto, desportivamente, ou melhor, futebolìsticamente falando, não vivo em função dos êxitos ou insucessos do Çeportèn, e por isso tenho olhado para a luta eleitoral do rival de Lisboa com absoluta indiferença, a não ser quando aquela fauna de candidatos a líder dessa colectividade, fala no Benfica, nos seus adeptos, na sua História de uma forma leviana e gratuita.

E assim vou assistindo a uma comédia patética de ex-candidatos, pré-candidatos, pró-candidatos, anti-candidatos, perante a qual esboço um sorriso, ou mesmo, às vezes, solto uma gargalhada de desprezo, recordando-me friamente de quando o nosso “alcatruz” estava em baixo, bem no fundo, o deles já vinha, sem o saberem, em curva descendente e acelerada.

Mas lamentàvelmente, esta camarilha submissa que venera e ajoelha perante o clube condenado por corrupção e o seu detestável e desacreditado mentor, a norte, não tem emenda e mesmo em plena campanha eleitoral tem o desplante de se referir ao Benfica como sendo a origem de todos os seus males, desviando as atenções ou pelo menos tentando, não olhando para a miséria, a vergonha, a bastardice, a baixeza e a fome que vão por tão leonina casa.

Senão vejamos como aqueles vesgos, anti-Benfiquistas em primeiro lugar e só depois aristocràticamente çeportènguistas, vão dizendo nas suas intervenções eleitoralistas.

Eduardo Barroso (da lista de Bruno Carvalho) em relação aos rublos para a constituição de um fundo de investimento.
- Quero lá saber que seja russo. Antes russo do que angolano ou chinês” – numa clara indirecta aos capitais angolanos investidos no Glorioso…

Godinho Lopes (candidato) criticando Bruno Carvalho (outro candidato).
- “…não tem categoria para ser a 3ª categoria de Vale e Azevedo” – a baixeza deste fulaninho vai ao cúmulo de se referir a uma pessoa que é adepta e foi presidente do Benfica.
É baixo e reles. Sem nível. Mas eu avivo-lhe a memória. Poderia muito bem citar Jorge Gonçalves ex-presidente do seu Çeportèn, fugido durante 20 anos à justiça portuguesa, permanecendo esse tempo em Angola para que o crime e a sentença prescrevessem em Portugal. Depois disso voltou, impune. Ou mesmo Sousa Cintra, um boçal que esteve à frente dos destinos do seu grémio e nunca se livrou do seu passado pouco abonatório.

Carlos Barbosa (um notável da agremiação submissa, ou outro visconde, sei lá) presidente do ACP, do alto da sua cátedra motorizada, armando ao pingarelho e lançando ao mesmo tempo mais veneno anti-Benfiquista, disse numa abordagem curta:
- “…não temos petrodólares, mas vamos…” – um vaidoso triste, aludindo indirectamente aos fundos de investimento do Benfica.

Cunha Vaz (responsável pela campanha de Godinho Lopes e que lamentàvelmente já trabalhou para o Benfica) sobre Bruno Carvalho:
- “Nem dinheiro tem para comprar o Mantorras” – uma ordinarice, apoucando e desconsiderando um jogador de futebol do Benfica em virtude da sua lesão impeditiva de jogar futebol em pleno e naturalmente diminuindo a sua cotação como profissional. Vergonhoso e indigno. Ao menos se tivesse decoro e respeito, abstinha-se de bolçar esta bacorada, recordando-se de Iordanov que por motivos semelhantes teve de abandonar a carreira como jogador do seu grémio. Mas não. Isto é uma cambada de burros conforme a foto acima ilustra tão eloquentemente.

Por último, a pergunta de um sócio, numa sessão de esclarecimento no norte do país, mais preocupado com o Benfica do que com o seu triste e malfadado grémio. Um pergunta “brilhante” que revela a sua grande preocupação com o futuro do seu clube e que é um “ex-libris” da maioria da massa adepta çeportènguista. A questão foi colocada a todos os candidatos.
- “O que pensam fazer, quanto a alguns jogadores do Çeportèn jogarem de “chuteiras” vermelhas?”

Os candidatos foram todos contra, à excepção de Dias Ferreira que disse que passava a proibir chuteiras de determinadas cores, quando o estádio do Çeportèn estiver pintado de verde e branco. Uma resposta unânime à medida do nível da pergunta.

Uma verdadeira comédia leonina a ver e a rever durante os próximos dias.

Tristes!

GRÃO VASCO

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