18.3.11

Nos limites


No café do meu bairro, uma pequena multidão equipada a rigor, acompanhava pela TV os derradeiros antecedentes do jogo do Benfica com o Paris St. Germain. Entre estes fervorosos adeptos estavam uma lusa morena e maravilhosa, de outros futebóis, e uma bela francesa, desconhecida, que surpreendida com aquele frenesim clubístico de uma multidão impressionante presente no estádio e no próprio café, me perguntou:
- “Tout le monde en rouge! C’est toujours comme ça, le Benfica?”
Sorri para aqueles maliciosos olhos azuis e disse no meu francês de trazer por “la maison”:
- “Toujours rouge et glorieux!”
- “Oh, la, la, c’est bon, c’est très bon!
– exclamou a “mademoiselle”.
Fiquei mudo, e mais mudo fiquei quando começou o jogo.

Sem me aperceber, iria viver durante 90 minutos+5 e 20'', um dos tempos mais agitados da minha vida de Benfiquista.
Arrasador, emotivo e heróico!
A jornada do Parc des Princes foi um momento alto de revivalismo das grandes caminhadas europeias do Benfica, feitas de talento, classe, querer, fortuna e sacrifício.
Depois da Luz, a Cidade Luz!
Estádio repleto. Portugueses, muitos emigrantes, luso-franceses e franceses em saudável convívio e confraternização. Maioritàriamente Benfiquistas, com muitos deles também simpatizantes do PSG.
Um ambiente efusivo, onde duas línguas se confundiram com várias gerações parisienses mescladas de sangue lusitano.
Um espectáculo inesquecível, uma jornada gloriosa de futebol.
Fantástico!
Almas imensas, num jogo intenso!
Um jogo de príncipes portugueses e franceses!

O Glorioso venceu a eliminatória.
Os jogadores do PSG venderam cara a derrota do apuramento. Bons executantes, rijos, fortes e velozes, lutaram, tal como os nossos Bravos do Pelotão até ao fim.

- Então, ó “cámone”, isto nunca mais acaba? – perguntava eu já quase em desespero.

Faltam 2 minutos, faltam 30 segundos, faltam 5,4,3,2,1...aiiiiii, Roberto! Seguraste a Torre Eiffel!
Apitou. 1 a 1. Já está!

Suspirei de alívio após o último segundo dos exasperantes e intermináveis cinco minutos e tal de tempo-extra dados pelo caseirote árbitro escocês William Collum, que sabe-se lá porquê, andou numa perseguição louca ao Aimar durante todo o jogo, depois deste, após os primeiros minutos e depois de um truque com alguma malandrice à mistura, lhe ter afagado ternamente o pescoço…

- “Agora, achincalhem mais o Roberto! Ladrem, rafeiros de rua, ladrem!” – gritava um adepto para a pantalha, após o apito final, ainda encandeado com aquele derradeiro instante, em que os nossos corações estiveram nas mãos do guarda-redes do Benfica.

Bandeiras do Benfica no ar, “Moêt & Chandon” à “la française” a jorrar!

Só faltou a “ménage à trois” com aquele par feminino lusofrancês!
Não querias mais nada, não?
Vai trabalhar malandro que hoje ao meio-dia, há sorteio na Suíça!


GRÃO VASCO



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