19.10.12

Rangel? Não, obrigado! (II)



Decepcionante!

 

A entrevista de Rui Rangel ao Diário Económico, publicada hoje, 19/10/2012, revelou mais uma vez as fragilidades e incoerências da sua candidatura e do seu próprio perfil, fruto de um mau trabalho, feito em cima do joelho e em cima da hora.


Uma candidatura precipitada de um Benfiquista como tantos outros, mas que se revela impreparado e muitíssimo pouco traquejado para desempenhar funções totalmente diferentes daquelas a que a sua actividade profissional o habituou.

Da entrevista, o destaque vai para a quantidade de alfinetadas e ferroadelas, entre outras, a que apelida LFVieira de ditador não inteligente, arrogante e que não gosta de futebol, dando a entender que é um candidato agastado com a sequência de acontecimentos recentes e também a abordagem leviana ao rebentamento do petardo na última assembleia-geral na Luz e aos consequentes insultos ao presidente do Benfica, o que me deixou completamente estarrecido, sabendo das suas funções como magistrado.

Um desastre total!

Mas o que me deixou estupefacto foi o juiz-candidato dizer a dada altura da entrevista:


- “ A linguagem trauliteira afasta as pessoas.”

 

É verdade, Sr. Dr. Rangel, é verdade!

 

 - Mas então o que é que o Sr. tem feito desde o primeiro dia da apresentação da sua candidatura?

 

- Tem tido alguma elegância para com o seu adversário?

 

Arreou-lhe forte e feio, com argumentos de pacotilha ou indirectas mais próprias de uma chusma de analfabetos, autores dos comentários feitos às notícias e posts dados respectivamente pelos pasquins desportivos e pelos blogues, falando por exemplo, que não era sócio de colectividades rivais, blá, blá, blá, blá, e depois abespinha-se por ouvir aquilo que não queria que foi colá-lo ao Vale-Tudo?

 

Ó Sr. Dr. Rui Rangel, o que é que o Sr. tem feito desde o dia da apresentação da sua candidatura?

 

É que não se esqueça que no Benfica, a democracia que o Sr. tanto apregoa aos quatro ventos, existiu, existe e existirá, e sempre sem défice, mas devidamente balizada, pois como bem sabe, o Benfica para além de um Clube grandioso com tradição e história, hoje é uma empresa que gera muitos milhões, que não pode estar exposta a nenhum PREC e que tem de ser gerida como uma entidade, onde o negócio e a sua rentabilidade são cruciais para a sua sobrevivência (e nas empresas òbviamente não se fala de democracia, isso é que era bom!...) – é por isso que há eleições, mas não deve haver a bandalheira que anda habitualmente de braço dado com essa democracia barata e que muitos validaram na recente assembleia-geral do Clube – onde em vez de salas de audiências para ditar sentenças e mesas para arriar as marteladas à Juiz de Barrelas (mas até este, curiosamente, julgou sempre com uma argúcia que em si está completamente ausente), há gabinetes e mesas de trabalho, onde equipas definem estratégias e seus modos de implementação, onde se estabelecem objectivos a bem da rentabilidade do Clube e da sua matriz vitoriosa.

 

Diz ainda que não quer nivelar o debate por baixo.

 

O que é que o Sr. tem feito, senão isso?

 

Realmente esta entrevista foi mais um episódio decepcionante.

 

Aqui vai,


 

Entrevista a Rui Rangel efectuada pelo Diário Económico


19/10/2012




Tem vários ex-dirigentes do clube na lista. Não receia que o vejam como mais do mesmo?


Não. Mais do mesmo é a lista de Luís Filipe Vieira com duas mudanças puramente cosméticas. Os dirigentes que fazem parte da minha estiveram com Vilarinho quando começou, de facto, a recuperação financeira e isso deixa-me honrado. Aliás, Fernando Tavares revolucionou as modalidades do Benfica, tendo sido elogiado pelo presidente na última assembleia geral.

Essa assembleia não deveria ter sido interrompida por causa do petardo que foi lançado?

O que a assembleia teve de mais relevante foi o chumbo às contas do clube, de forma clara e inequívoca, à gestão de 12 anos, nove como presidente e três como director no futebol. Mas os benfiquistas cultivam valores como a mística e a democracia, portanto não subscrevo o que tenha a ver com injúrias ou ofensas a Luís Filipe Vieira. Não aceito é que apareça como o grande equilibrador quando o aumento do passivo é assustador...

O passivo da SAD é elevado...

Vai a caminho dos 500 milhões e precisamos de esclarecimentos. Distingo passivo bancário, o qual é para cumprir na íntegra, e não bancário, realidade desconhecida com zonas de obscurantismo. Pedir uma auditoria é das primeiras medidas que tomaremos.


No Sporting, em função da auditoria às contas do Grupo, houve quem falasse em striptease. Não sucederia o mesmo ao Benfica?

Quando se lida com um clube com esta dimensão histórica, simbólica e pela importância que assume no desporto é fulcral dar o exemplo. Não existirá striptease. Queremos linguagem de rigor e seriedade para esclarecer os sócios sobre o monstro financeiro e acerca do fundo de jogadores.

Como se reduz o passivo?

Por exemplo, evitando que haja 95 jogadores sob contrato com o clube. O Benfica tornou-se um entreposto de compra e venda de jogadores e a carga salarial é brutal´. É preciso reduzir para 40/50 elementos: face à crise do País, a realidade do futebol não pode ficar de fora. Temos de actuar na área dos proveitos e estruturar preços mais compatíveis com os bolsos dos portugueses, baixando-os e aumentando a procura, dar o exemplo nesta mudança de paradigma.

Fala em apoio social?

Exacto. Jovens e reformados atingidos pela crise não podem ser esquecidos. A Fundação está quase no anonimato, não tem programas de solidariedade ou subsídios para crianças e jovens desfavorecidos. Queremos contribuir para resolver problemas de benfiquistas desempregados através de acordo com o Instituto do Emprego e Formação Profissional.

Mantém a proposta de um debate com Luís Filipe Vieira?

Reitero-o com o objectivo de esclarecer os sócios, porque a cultura da arrogância não faz parte do Benfica e até para ser ditador é preciso inteligência.

Chama ditador ao seu rival?

Não fulanizo as questões, quero um debate elevado. O Benfica passou a ser um negócio quando, de facto, deve apenas fazê-los, porque o clube são os sócios. Não podemos desligar-nos do associativismo e ter uns estatutos que, além de afastarem os sócios, impediriam que grandes presidentes o tivessem sido. Alterá-los é outra medida que proponho, uma vez que, quando se exige mais do que a um presidente da República, conduz-se à perpetuação do poder.

Vieira nada fez de positivo?

Fez. A credibilização que abriu caminho a um reposicionamento na parceria financeira depois do caos; construiu o centro de estágio; iniciou a construção do museu; teve papel importante no novo estádio. Mas, ao contrário de mim, que gosto e joguei futebol, Vieira não gosta de futebol. Depois dele não vem o caos - tenho gestores reputadíssimos que sentem o Benfica e, se Domingos Soares de Oliveira é sportinguista, a minha equipa tem gente capaz sem se intrometer nas áreas comercial e do futebol como sucede agora. E a prática remuneratória na estrutura da retaguarda, com alguns salários de 20/30 mil euros/mês, é incomportável.


A quem se refere?

A pessoas ligadas à estrutira da Direcção e do departamento de comunicação.


Vieira apresentou discurso de austeridade com redução da massa salarial. Como avalia isso?

Faz sentido, mas é tardio e a responsabilidade é dele.

Como interpreta as mudanças de Varandas Fernandes e José Eduardo Moniz?

Respeito e tenho consideração pelo primeiro, as pessoas têm liberdade para mudar de opinião. Ouvi Vieira conforme sucedeu com varandas Fernandes, mas não fiquei convencido. Moniz um soldado de última hora que se lembrou do Benfica aos 60 anos. Nunca o vi nos estádios a sofrer pelo clube. Respeito-o como excelente profissional da comunicação, mas só o conheço aí. Há três anos, no âmbito do movimento "Benfica vencer, vencer", as coisas não correram bem devido a certas atitudes menos correctas. E sendo vice-presidente da Ongoing, um dos parceiros do clube, isto deve se esclarecido aos sócios. Se for considerado que a aproximação é positiva, mesmo sendo tardia, todos os bnfiquistas são poucos, embora estranhe a coincidência da aproximação pelo mundo dos negócios.

E a afirmação de Vieira ao lembrar "Vale e Azevedo também se afirmava benfiquista"?

Baixa o nível do debate, mas Vale é um fenómeno irrepetível. Quer passar a ideia de que é o único salvador da pátria benfiquista, de que fez a recuperação do clube, mas os juros da dívida representam 17 milhões de euros, em quase 10 anos ganhou 2 campeonatos. Inclusive quando afastaram Mourinho do clube era director do futebol...


Mourinho elogiou-o...

Quem está no poder tem facilidade em granjear simpatias, mas o mundo do Benfica não começa nem acaba em Luís Filipe Vieira.

Que papel reserva a Rui Costa?

Se ganhar, como sei que vai suceder, ninguém pode desperdiçar um valor como Rui Costa. falarei com ele para ser director desportivo com amplos poderes. Tenho Cunha LEal com experiência na gestão di futebol e quero prestigiar Rui Costa, não servir-me dele para ganhar eleições e, depois, colocá-lo na prateleira. E também vou falar com Nuno Gomes...

Vai manter Jorge Jesus?

Sim. Fez bom trabalho em alguns aspectos, noutros não. Defendo a estabilidade, embora deva haver resultados e avaliação no final de cada época. Há ano e meio que o clube procura um lateral-esquerdo, tornou-se uma equipa de adaptações, agravadas com as saídas de Javi Garcia e Witsel que representavam 70% da força.

Como agiria com os direitos tv?

A renegociação é um ponto estruturante. Temos de conhecer o actual contrato que acaba dentro de seis meses, saber se há negociações e de que tipo são. O direito de preferência fica subordinado à procura da melhor proposta. Tentaremos internacionalizar os direitos TV através de uma multiplataforma. Pretendemos um parceiro que assegure exclusividade na relação contratual e não um adversário com interesses opostos. Faremos ainda um estudo de viabilidade económica para os encaixar na Benfica TV.

E a formação?

Não tem sido apoiada, mas é um sector em que vou apostar para aumentar o número de portugueses na equipa principal. Pode haver limitação de extracomunitários, caso contrário a selecção terá problemas a médio prazo. Mesmo alguns estrangeiros não registam retorno desportivo nem financeiro: Sidnei custou 7 milhões e está na equipa B; Urreta e Júlio César são outros casos de desaproveitamento. E quanto gastou o Benfica nos mandatos de Vieira em comissões para os empresários? Não está quantificado e é preciso ser revelado.

O que propõe para as relações com Porto e Sporting?

O Benfica deve retomar a sua matriz exemplo, humildade, democraticidade, ética e rectidão. A linguagem trauliteira afasta as pessoas. Quero relações cordiais, mas isso não se faz de um dia para o outro, são preciso estímulos. Os presidentes não são os actores principais, isso são os jogadores. Em Espanha, apesar da rivalidade, os líderes de Real e Barcelona estão lado a lado nos jogos; em Inglaterra, ninguém conhece os presidentes.

O presidente tem agido bem em relação à arbitragem?

Denunciou situações, mas os resultados são pífios; apoiou certos dirigentes e, depois, queixou-se de perder força. Defendo que o Benfica deve ser vigilante e apoiar a profissionalização.

GRÃO VASCO

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