Uma “brincadeira” de carnaval
Encontro-me numa cama do
hospital.
Ontem, 2ª de Carnaval,
fui convidado para um baile de máscaras. Pelo sim, pelo não, disfarcei-me de
árbitro, mascarando-me de Proença. O meu objectivo era ganhar o primeiro prémio
no concurso que iria decorrer. Durante as várias horas de folia, dei azo à
minha fértil imaginação – marquei penaltys
fantasma, distribuí beijinhos e abraços pelos morcões e pelas morconas
presentes e acabei por expulsar da festança dois Benfiquistas, alegadamente por
taxa de alcoolémia elevada e agressões.
A festa foi de arromba!
E ainda consegui ganhar o troféu. Um apito doirado!
À saída, já a madrugada
ia alta, ouvi um disparo. Senti um forte dôr no joelho esquerdo. Tinha acabado
de levar uma “chumbada” com uma pistola de carnaval.
Agarrei-me à perna. Nem
queria acreditar!
Imediatamente operado,
acordei no recôbro dando de caras com o médico especialista, chefe da cirurgia.
Ainda meio atordoado da anestesia, perguntei-lhe:
- Dr., poderei voltar a andar normalmente?
- Sim, com cuidado, devagarinho, mas a tua carreira como
árbitro acabou – disse o médico, realista.
- Ainda bem! –
suspirei eu.
- Mas, mas, ainda bem, porquê? - perguntava o clínico estupefacto.
- Já estava farto de fazer maldades ao Benfica. Agora,
olha, os outros “que se amanhem”! –
exclamei eu aliviado.
Nesse momento, o médico
rindo-se, agarrou na máscara do Lourenço Pinto, ajoelhou-se à minha cabeceira e
prestou-me a derradeira homenagem como árbitro!
Entrávamos em 4ª feira
de Cinzas. O Entrudo tinha acabado!
GRÃO VASCO