Como diz a célebre canção brasileira…
Nunca na minha vida de
adolescente tive a oportunidade de avançar relvado adentro para com um forte
amplexo glorificar Eusébio. Ao ver este rapazinho anónimo do Portugal
Benfiquista abraçar enternecido o seu ídolo, Renato Sanches, a nova coqueluche
do Glorioso, senti uma enorme emoção.
A imagem vale por mil
palavras. Avivou-me a memória de momentos que se vão dissipando na bruma dos
tempos. Despertou-me novamente aquele entusiasmo quando vi o único jogador português
ao serviço de uma equipa portuguesa ser coroado rei da Europa do futebol.
E Eusébio teve e
continua a ter essa honra suprema e até agora única. Nunca mais ninguém a jogar
em Portugal conseguiu esse feito. E foi no Benfica, no seu Benfica, no meu
Benfica, no nosso Benfica, que ergueu, sublime, esse tão distinto galardão.
Para Ricardo, um
Benfiquinha da Golegã, é a recordação de uma vida. Não só homenageou Renato Sanches,
elegendo-o perante milhares de adeptos do futebol, e sob o olhar perplexo de
decanos decrépitos e de primas-donas de uma selecção que desilude e que para mim nada, mas mesmo nada significa, como
lhe parece também apontar o caminho da glória.
Não imaginará hoje o que
esta foto significará daqui a um bom par de anos. Mas eu sei.
Será muito
pretensiosismo da minha parte?
Não! É sim uma
premonição. Só isso!
Quem quiser que
acredite, quem não quiser que sorria.
Mas “Deus quer, o Homem sonha, a Obra nasce”.
Oxalá Renato Sanches
mantenha essa vontade férrea de chegar ao topo. O resto virá naturalmente.
Renato Sanches acedeu
com ternura, com o carinho e a simplicidade dos grandes campeões. Sem disfarces
e felizmente sem as falsas luzes de uma ribalta pimba e de um mediatismo bacoco fabricados pelos lambe-botas das tv’s
- gilbertos, tadeias, albuchechas, sousas
martins, ritas, cristóvãos e afins - e dos pasquins habituais, tão em voga
como as estátuas auto-pagas em qualquer museu narcísico, algures numa pequena
ilha do Atlântico, sem penteados a abarrotar de gel, pintados de louro nórdico
ou apanhados num puxo à moda da Miquelina do Canidelo. Sem tatuagens tipo Ana
Malhôa.
A bota de ouro europeia
espera por Renato Sanches. Mais cedo ou mais tarde, em Portugal ou lá fora, tê-la-á
como prémio, significando o talento e a classe só ao alcance dos eleitos.
Poderá não ser no Templo
Sagrado, mas a vida, hoje, é mesmo assim!
Felicidades Renato,
felicidades Ricardo!
GRÃO VASCO