Nunca
na Rússia se consultou tanto adivinho!
Que
grande confusão!
Em
cada local mais mediático ora era Marcus,
o porco inglês, ora era Aquiles, o gato surdo de S. Petersburgo, ora era Zabyaka, a cabra branca de
Samara, ora eram os hipopótamos Milya
e Glyasik de Kaliningrado, ora era Anta
Cleópatra, o Tapir de Novgorod ou por fim o polvo alemão Paul ou a lontra
macho russa Harry de Sochi. Nunca tinha visto tanto animal a dar palpites e
a fazer prognósticos. Já era bicharada a mais!
Por
isso resolvi consultar a prata da casa. Um simples insecto cantador. O meu vetusto
grilo falante chamado Óscar – com uma umbrela na mão, a substituir uma bengala
- importado directamente de terras uruguaias, mais propriamente de Colónia do Sacramento
e descendente de portugueses.
Na
sua gaiola especial com ar condicionado e isolamento térmico, resolvi
oferecer-lhe simultaneamente duas folhas de alface. Uma, listada de um azul celeste
e um sol sorridente e uma outra vermelha e verde com a esfera armilar no
centro. O resultado foi simples. Duas ratadas na primeira e uma ratada na
segunda!
Da
forma mais prática, o grilo falante fez a previsão e segredou-me:
-
Diz ao avô Santos e à sua entourage que
podem tirar o bilhete de regresso! A sorte não dura para sempre!
E
não é que tiraram mesmo?
Mas
queria uma confirmação. Agarrei num gafanhoto
de Sochi e coloquei-o também numa gaiola, junto de duas relas – uma pintada
de azul-celeste e a outra de verde-rubro. O gafanhoto “comeu” a verde-rubra, e
a celeste, esgueirando-se, escapou ilesa pelo meio das grades da gaiola. Ficou
apurada!
Acabou-se
o regabofe. Acabaram-se o forrobodó e
a histeria de um patrioteirismo
bacoco. Acabaram-se as romarias e as tontarias. Acabaram-se os tadeias, os albuchechas, os pratas, os
fidalgos, os gonçalos e outros cavalos. Acabaram-se os manéis fernandes da selva, os hugos, os gilbertos e demais chicos-espertos. Acabaram-se os rosados, os
marçais e outros pascácios mais. Acabou-se a verborreia pestilenta e coxa de um
octávio idólatra e execrável. Acabaram-se
a chinfrineira e as gritarias que me obrigavam a desligar o som do televisor. Acabou-se
a idolatria asquerosa. Acabou-se a bajulação ao milionário das levadas e à
bananeira, putativa autora literária, promovida a embaixatriz. Pelo menos durante
este verão essa psicose colectiva e obsessiva vai parar.
Ainda
bem! Já desceram todos à terra!
Longe
vão os fabulosos tempos de 66 e da expressão humana mais simples de um excepcional
negro de todas as cores, hoje uma lenda que se impôs por si mesmo - não
precisando de um séquito miserável de jornalistas tendenciosos e de pacotilha - que
sacrificando o individual ao colectivo foi unânimemente reconhecido por todos
os autênticos sábios do futebol. De coreanos a italianos, de alemães a
ingleses, de brasileiros a soviéticos. Nunca quis ser vedeta. Por isso é uma
LENDA! Uma LENDA! Leram bem?
Isso
sim! Isso é que era uma Selecção de Jogadores e um Jogador!
GRÃO VASCO