O “Colaboracionista”
“Quem
não quer ser lobo, não lhe vista a pele”
O título do artigo é expressivo – “Arbitragem
nacional perde grande referência” – mas já lá vamos.
Antes, mencionar que partiu mais um dos abencerragens da Irmandade da Fruta. Para completar o
ciclo faltam ainda Lourenço Pinto e mais alguns ratos de esgoto. No futebol e
no apito, a dita “referência” só poderá deixar saudades aos seus grandes amigos
da Palermo portuguesa, porque quem sabe do seu histórico na última vintena e
meia de anos, quem ouviu ou leu as escutas do “Apito Dourado”, sabe que atrás
de si deixou, sim, um rasto de promiscuidade, de compadrio e servilismo, revelando-se
acima de tudo uma personagem sombria prestando contas e um inestimável serviço a
capos azuis e broncos que fizeram da
corrupção o seu mister.
Deixa também um legado pesado, especialmente as facturas na Marisqueira de
Matosinhos e em muitos outros restaurantes deste país. Uma lacuna muito difícil
de preencher. Ao nível de um relógio e uma nomeação inaugural de Martins dos
Santos ou de uma viagem de Carlos Calheiros ao Brasil, pela Cosmos, ou mesmo de
uma trapalhada vilarrealense à moda de José Silvano.
Todos, farêlo do mesmo saco.
Quando ontem, à mesa do café, comecei a desfolhar o pasquim das pêtas, hoje ainda mais perigosamente transformado no órgão
oficioso do lagartêdo – “só” as oito
primeiras páginas preenchidas por notícias e artigos eram alusivas a assuntos
do grémio do fôsso – deparei-me com a
página que ilustra este post.
Ri-me com a parangona. Procurei o autor do artigo. De seu nome, Miguel
Amaro. Talvez mais um escrevinhador de pacotilha. Mas não. Muito pior do que
isso, pois ao ver e ao ler essa página constatei que o dito artigo estava
incompleto e pecava por diversas omissões. Curiosamente, virei a página para
saber do percurso pós-árbitro da dita “referência”, ao ter enveredado por funcionário para todo o serviço sob as
ordens do Rei das Bufas. Já não
encontrei mais nada. O escriba perdeu-se na sua “investigação histórica e
biográfica”, “esquecendo-se” de relatar as mariscadas, de especificar o teor das
escutas telefónicas, todas as actividades subterrâneas bem audíveis no diálogo
apanhado numa delas, em que o outro interlocutor era o lendário Valentim Valentão e tudo o resto
relacionado com o trabalho obscuro e no mínimo duvidoso da sua “referência” em
prol do fcp, vulgo fruta corrupção & putêdo, mas tendo
a distinta lata de argumentar que o desempenho do sujeito no fcp sobre o “acompanhamento de árbitros”,
é uma “figura” que os outros clubes também têm, como que validando assim, o seu
rico “trabalhinho” ao serviço do grémio
da fruta.
Quando acabei de ler a totalidade da página, senti que esta parecia uma
encomenda bem embrulhada com odor a branqueador. É que os textos bem poderiam
ter sido todos da autoria de Rui Cerqueira, director de comunicação dos azuis
corruptos da Palermo portuguesa, pois constituíram-se na perfeição, como um requiem laudatório por uma personalidade
que ajudou a que o futebol português nos últimos trinta anos se tivesse tornado
numa das mais incríveis bandalheiras que o nosso triste país jamais teve.
Fica a assinatura do artista – Miguel Amaro.
GRÃO VASCO