“Quando um futebolista
falha um chuto no esférico, não acertando nele, diz-se na gíria futebolística
que deu um “pontapé na atmosfera”.
O
mesmo aconteceu ontem, não com um futebolista qualquer, mas com João Paulo
Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto, ao comentar as
declarações de Bruno Lage sobre os desacatos ocorridos no Estádio Cidade de
Coimbra, aquando do jogo Académica-Benfica e que culminou com a queda de um
adepto Benfiquista da vedação que separa a bancada da pista de atletismo,
acabando por feri-lo com muita gravidade.
A
transcrição em alguns órgãos da CS – record
e outros – dos seus comentários à TSF sobre as declarações de Bruno Lage
causaram-me, sobretudo, perplexidade.
Quando,
entre outras banalidades e “chuviscos no molhado”, disse que “…eu espero que as suas declarações sirvam
para também de alguma forma dar exemplo e desde logo aos seus próprios
adeptos.”
A
diferenciação que ousou fazer em relação aos adeptos do SL Benfica dando-lhes
um destaque único e omitindo todos os outros, indiciou, no mínimo, uma atitude
discriminatória pouco consentânea com um governante que diz manter-se isento do
ponto de vista clubístico, para mais a mais sabendo-se que o autor da
lamentável façanha em Coimbra não era Benfiquista.
O
Sport Lisboa e Benfica, através de um texto da “Benfica News” abordou o
incidente e de uma forma esclarecedora e de grande alcance elucidou JPR que os comentários
por si proferidos deveriam ter tido uma maior abrangência subentendendo-se uma
crítica velada à forma redutora e básica de mencionar somente os adeptos do
Benfica e às suas pífias acções políticas na área da violência no desporto
especialmente do futebol.
Para
que não haja dúvidas, aqui deixo publicado a parte do texto da “Benfica News”
que alude a este ponto.
[Nos últimos seis
meses, dois adeptos do Benfica foram hospitalizados por atos de pura violência
gratuita. Nenhum dos casos envolveu qualquer tipo de confronto, nem pertenciam
a qualquer grupo organizado de sócios. E foram vítimas precisamente de atos
perpetrados de forma organizada por elementos de claques.
O primeiro passo para
se pôr fim de forma veemente e definitiva a estas situações é ser célere na
identificação e punição dos verdadeiros prevaricadores, estabelecer leis e
regras claras, sem subterfúgios e que não sirvam apenas para legalizaram uma
espécie de crime organizado, e que, finalmente, enfrente com coragem quem se
considera acima das leis e exiba em todo o lado o seu poder de ameaçar e coagir
tudo e todos a seu bel-prazer.
Sem clubites, sem olhar
a cores, todos assumindo as suas responsabilidades, trabalhando para uma
concretização das novas leis de uma forma séria e concreta em prol da promoção
e projeção efetiva do futebol português, é esse o dever que nos compete
concretizar nesta nova época.]
Estranhamente,
JPR, já por diversas ocasiões aproveitou para enviar uns recados e umas alfinetadas
ao Benfica eivadas de muita hipocrisia. Ontem tratou outra vez de fazê-lo e de
uma forma precipitada e muito pouco cuidada.
Aproveito
este momento para transcrever um pequeno excerto de uma “entrevista” publicada
na Revista da Feira – Feira de S. Mateus
em Viseu – de Agosto de 2018 e que se resume a uma pergunta e respectiva
resposta mas que é bem elucidativo.
Jornalista
– Esta ficha dos carrinhos de choque é
vermelha. Gosta da cor?
JPR
– Gosto porque é a cor do PS. Mas do
ponto de vista desportivo prefiro o verde.
- Pois, pois,
“entendi-te”!
– já dizia o nosso amigo alentejano.
Mas
que grande “pontapé na atmosfera”!
GRÃO VASCO