Estes são os momentos propícios para aparecerem todas as espécies de “rambos”. De um lado e do outro.
A entrada da polícia na zona da restauração e na praça Centenário do Estádio da Luz, varrendo tudo o que encontrou pela frente, é no mínimo uma actuação de um grupo terceiro-mundista de características animalescas, completamente desvairado e cego.
Com os acontecimentos de domingo e ao ver aquele triste espectáculo em redor do Estádio da Luz, já depois deste tipo de ocorrências ser reincidente, estendendo-se mesmo, outras vezes, em passado recente, aos pavilhões anexos, a questão que coloco é se a polícia anti-motim, que é destacada para estes eventos, é agora também uma polícia anti-Benfica.
As cenas que chegaram através das TV’s chocaram-me. Incomodaram-me. E incomodaram-me ainda mais quando vi crianças, mulheres e idosos no meio de toda aquela confusão, com a polícia a actuar indiscriminadamente.
O inédito nestas coisas é que os famigerados “repórteres” das diversas estações de televisão estão sempre do lado dos polícias. Não tive, nem tenho a perspectiva do lado de lá. Do lado daqueles que são conotados como os maus da fita. Uma coisa é certa, é que há todo interesse dessa trupe de cobardolas das reportagens por conveniência se colocar sob protecção dos agentes.
Não vi tumultos que justificassem tamanhas acções da polícia e aquele aparato todo.
Vi sim outros pormenores que me obrigaram a pensar qual o verdadeiro papel da autoridade no Estádio da Luz.
Alguns agentes mais pareciam estar a efectuar uma caçada, tal a destreza e afinação da pontaria que faziam com as suas armas e mesmo como atiravam.
Balas de borracha? Shotguns?
Para quê?
A sensação que me fica, é que o Estádio da Luz é um campo de treinos e de experiências da polícia e muitos dos adeptos e simpatizantes do Benfica, tenham um bom ou mau comportamento, são alvos constantes e preferenciais destes grupos de agentes e seus comandos.
Tenho escutado e observado a postura do subintendente, habitual responsável por este tipo de operações de alto risco. Especialmente quando é destacado para tratar assuntos desta natureza e quando eles envolvem o Benfica ou as suas Gentes. Tem demonstrado alguma azia, arrogância e prepotência, e subliminarmente lá vai enviando alguns recados à direcção do Benfica, com algumas alfinetadas à mistura, como uma vez, recente, em que não teve pejo de demarcar uma presumível claque que apoia o Glorioso, das do Çeportèn, dando a impressão que essas, as do rival da segunda circular, pertencem a qualquer grupo de meninos-de-coro versus os insurrectos e temíveis No Name. Não me pareceu de bom tom este tipo de abordagem. Mas polícia é polícia e subintendente é subintendente!
Sinceramente que gostaria de ver a actuação “artística” deste intendente à frente da polícia da Inbicta, pois nunca vi algo de tão brutal e violento parecido com o que vi no domingo na Luz, em acontecimentos bem mais graves protagonizados pela escumalha corrupta, a norte e mais concretamente em diversos locais no Porto.
Ou será que a polícia do Porto é diferente da de Lisboa?
Ou serão os seus comandos, os seus chefes?
Ou serão os métodos?
O que é certo é que a bestialidade de uma força como aquela que apareceu no estádio do Benfica terá de ser contida. Então os protegidos são só aqueles que vêm empacotados no caixote de segurança expedido da zona criminal do Freixo?
É que houve crianças, mulheres e idosos completamente desprotegidos que poderiam ter sido vítimas físicas e psicológicas dessa violência - se é que não foram mesmo - que lamentàvelmente também foi protagonizada pela própria polícia.
Se houve confrontos posso admitir que não houve os devidos cuidados e precauções por parte dos agentes em manter e conter alguma multidão afecta ao Benfica que esteve suficiente próxima da forasteira para desencadear distúrbios. Creio que as distâncias de segurança estarão sempre a cargo dos agentes da autoridade. Se isso não aconteceu, foi por erro de cálculo de quem é responsável por manter a ordem. A imprevisibilidade dos acontecimentos é reduzida, pois naquele espaço já se sabe o que pode vir a acontecer e as medidas preventivas deveriam ser tomadas com ponderação e rigor, evitando aquela barbárie que me fez lembrar os tempos do antigamente. Há realmente algumas coisas neste país que nos vão conduzindo direitinhos para o terceiro-mundo, um mundo costa marfinense, uma selva do Burkina Faso ou uma reserva de orangotangos no Bornéu, só que aí, os animais, sejam de que espécie forem, vivem em paz com a natureza
GRÃO VASCO