15.4.11

A VOZ DE COMANDO




Esta época, o percurso europeu do Benfica não tem sido fácil. Algumas exibições brilhantes têm alternado com prestações oscilantes de resultados por vezes imprevisíveis, e outros desembocando em derrotas e amargas desilusões.
Talvez muito por culpa de um início de época incaracterístico e que se transformou numa tormenta, talvez também pela incúria de muitos adeptos que ingènuamente andaram a comemorar durante três meses a vitória no campeonato anterior, talvez por alguma descompressão e excesso de confiança de dirigentes e técnicos, talvez pelo assédio sofrido por JJ que lhe baralhou os neurónios por umas semanas bem longas e que coincidiram com o período crítico de preparação e planeamento da equipa, abrindo assim uma larga brecha por onde os apitadeiros entraram para apanhar a embalagem necessária nas quatro primeiras jornadas, com vista à construção do maior roubo da história do futebol português e que foi a “entrega” em bandeja dourada, do título, ao grémio da Fruta Corrupção & Putêdo, vulgo fcp, numa fase muito precoce da competição. Já não bastava o Apito Dourado, este ano apareceu a bandeja.

E na Europa, ao contrário das desmedidas e desbocadas ambições de Jorge Jesus, as exibições e resultados da equipa revelaram acima de tudo alguma imaturidade para as andanças na Champions League.
Como reflexo de uma turbulência interna acentuada, induzida por variados factores acima mencionados, a passagem à Europa League foi um facto inexorável, mas que mesmo assim provocou alguns sobressaltos, só aparecendo a bonança nos minutos finais da derradeira jornada com o golo abençoado vindo directamente de Lyon, com a marca Lacazette e que tanta azia provocou na cambada de bastardos azuis e broncos a norte, na Palermo portuguesa e especialmente no pencudo ruivo do Freixo, que contra a sua expressa vontade, lá terá que aguentar com a Mouraria até ao fim da época.

No entanto, e é bom que se diga também, o Benfica respondeu de uma forma excelente ao novo desafio proposto e a campanha nesta competição menor da UEFA tem-se pautado pelo sucesso e pela invencibilidade, dando uma imagem bem positiva e acalentando a esperança de podermos almejar um título europeu meio século depois da Europa se ter rendido aos nossos pés.

Para este sucesso, muito tem contribuído a prestação elevada de alguns jogadores que pela sua experiência e carisma têm sido pedras basilares de uma equipa, que a partir deste momento tem acima de tudo de demonstrar muito mais consistência e força mental.

O meu destaque principal nesta forte equipa do Benfica vai indiscutivelmente para Luisão. Tem sido ele, através de uma voz de comando firme e exemplar nas atitudes, que tem surgido à cabeça destes nossos Bravos do Pelotão, estimulando Roberto, orientando os defesas, apoiando o meio-campo e integrando o ataque sempre que possível. Eindhoven foi o exemplo paradigmático que nos momentos críticos de uma eminente “débacle” – e poderia muito bem ter acontecido uma hecatombe de proporções imprevisíveis se Roberto não tivesse feito aquela defesa extraordinária evitando o 3 a 0 e a consequente viragem da eliminatória – terá de haver alguém que reorganize as hostes, mantenha a serenidade e ajude os aflitos.
Luisão soube fazê-lo como ninguém. Como um verdadeiro líder, uma autêntica voz de comando. Decidido, sem receio de errar, marcou um golo de grande categoria, com raça e querer, fazendo renascer a Chama Imensa, reavivando-a ao ponto de o Benfica ter feito o empate e os seus jogadores terem controlado o jogo até ao fim, ganhando a eliminatória com competência e clarividência.

Mais alguns bravos responderam a esta chamamento, a esta Voz de Comando – Javí García, Coentrão, César Peixoto e Cardozo numa missão de sacrifício, pressionando sistemàticamente a primeira linha dos holandeses sem desfalecimentos e decidido na conversão do penalty, levaram o Pelotão Glorioso para as meias-finais, apagando uma forte e adversa luminescência inicial no Philips Stadion, em Eidhoven, que quase nos encandeou a todos.

Contamos contigo, Grande Capitão!


GRÃO VASCO


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