21.2.12

Perdemos uma batalha, não a guerra



Previsível.
O jogo em S. Petersburgo já tinha fornecido alguns indicadores menos bons na equipa do Benfica.
Javi García é uma peça demasiadamente importante na engrenagem e em duas ausências, duas derrotas. Ambas fora de portas.

O jogo de hoje já era. E era a primeira das quatro finais desta fase crucial da época. Mas ainda haverá mais uma fase crucial – aquela que envolverá a deslocação ao “fosso de todos os trambolhões” e recepção aos do “coio da Falperra”.

É mais que óbvio que se o Benfica pretende manter a distância para o grémio da fruta e que tanto custou a garantir, terá de vencer os próximos dois desafios, sob pena de hipotecar uma época que se perspectivava muito favorável e mais um terceiro para continuar na Europa.

A história parece repetir-se. Na época passada, o pífaro de Xistra e a bandeirola bem “trabalhada” de Cardinal desferiram um rude golpe no Benfica em Braga e que acabou com o hara-kiri de Jesus na Luz, por duas vezes, perante os corruptos. Este ano, o filme é semelhante e para já, a primeira das quatro cenas deste filme, deixou-nos no mínimo expectantes. O resultado é que o Benfica, mesmo com tanta nota artística, terá de ganhar em Coimbra se quiser manter a liderança isolada, arriscando-se a receber os corruptos em segundo lugar se for derrotado pela Académica.

Do céu virtual ao um inferno que bem pode ser muito real, passando por um inverno russo para esquecer, caso os onze Gloriosos não estudem bem a lição para o exame prático em Coimbra, e na Luz depois, não façam uma perestroika à portuguesa contra os corruptos e contra os russos. Caso contrário, e paradoxalmente, o inverno e o inferno terão o mesmo significado – descalabro!

Estamos perto das duas fronteiras. Para as ultrapassarmos, tem a palavra Jorge Jesus. E a verdade, muito embora a alguns custe admiti-la, para desgosto nosso tem sido só uma – Jorge Jesus tem claudicado nos momentos chave. Foi em Liverpool há duas épocas, e contra os corruptos, duas vezes na época passada. Esperemos que  ele consiga ultrapassar estes fantasmas e que o Departamento de Inteligência Competitiva lhe forneça inspiração, talento, visão e coragem que bastem para concretizar os objectivos com êxito.

Ele sabe bem que se estivesse como treinador no grémio da Fruta Corrupção & Putêdo já teria sido campeão dez vezes em três anos, mas também sabe que no Benfica tem de ser vinte, trinta vezes melhor para ganhar os mesmos títulos.

Vamos lá ver se JJ consegue dar com este Benfica o salto definitivo para o sucesso e para a glória. Em suma, entrar na galeria dos grandes treinadores. Como ele bem diz, só os títulos interessam, e os jogadores têm de ter isso sempre presente naquelas suas cabecinhas.

Hoje nem sequer se aproximou das ameias do castelo. Os seus pupilos perderam-se nas armadilhas, ainda longe das muralhas. Com os vimaranenses, como sempre, a fazerem o jogo da vida deles, sem Javi, JJ colocou um meio-campo Benfiquista que nunca o foi. Aimar, Nolito e Gaitán? Nem o treinador do Bodianca de Coito de Baixo faria essa opção! Witsel no banco é sempre um desperdício.

Este foi sem dúvida o maior erro da noite. JJ não poderá errar mais, sob pena da enxurrada ganhar forma e ir tudo por água abaixo.
Tal como já ganhou dois ou três jogos do banco, perdeu também o de hoje, sem apelo nem agravo.

Ainda a propósito do treinador do Bodianca de Coito de Baixo, pareceu-me ver o seu vulto, quando JJ se resolveu com duas substituições aos 85 minutos. Para tentar empatar? Mas então não era suposto, TODOS querermos ganhar aquele desafio?

Muito mal.

E Rodrigo? Para quê atirá-lo para arena do castelo, depois daquela brutal agressão do carniceiro de S. Petersburgo? O miúdo até aparentava algum receio e nalguns momentos parecia apavorado.

O Nélson estava a vestir-se nos balneários para o carnaval, ou não havia camisolas do Benfica que chegassem, para ele jogar?
Pois é, com uma compleição física de respeito e bem talhado para este tipo de jogos, ficou só 85 minutos a aquecer no banco. Francamente.

Xistra soube manietar muito bem o jogo. Já o sabemos há muito – é um dos que joga sempre contra o Benfica e nas horas de dizer presente, ganha. Ganha ele e ganham os seus padrinhos do Freixo.

Uma palavra final para Gaitán. Por mim, o Benfica pode vendê-lo já.
Se o City bater os 40 milhões de que se fala, é já. Cinco minutos para pensar, é tempo demasiado e dinheiro que deixa de render. Para fazer aqueles números, vou buscar um catraio à escola do meu filho, exímio em habilidades com uma bola – “arnestinho”, o brinca na areia do 6º G. Depois só lhe faltará ganhar uns quilitos de massa muscular. Nada que o departamento médico do Benfica não possa fazer – musculação, fisioterapia e alimentação adequada. E o puto tem uma vantagem – é bom a raciocinar e a aplicar as conclusões de imediato. Ah! E defende, ajuda sempre o Maxi Pereira da rua dele.

Luisão é baixa para Coimbra. Ainda bem. Já joga contra o grémio da fruta.

JJ tem uma semana para preparar o jogo de Coimbra. Oxalá tenha engenho e arte para conduzir o Benfica ao sucesso.

Mas que era previsível que isto mais tarde ou mais cedo viesse a acontecer, lá isso era.
Não há azia, mas há apreensão. A partir de agora há muita, muita apreensão.

Vamos em primeiro. Isso é bom, sem dúvida. Mas se passarmos para segundos, por uma vez que seja, não haverá ninguém que nos valha, e adeus título!



GRÃO VASCO

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