Deprimente e
obscurantista.
Assim classifiquei um
arremedo de entrevista que foi para o ar na RTP1
e RTP informação, pelas 21 horas de ontem,
mas que só ouvi horas depois na internet,
pois recuso-me a contribuir para audiências de uma estação de TV à mercê de uma
corja do piorio que há muito vem infestando e destruindo este país.
Quem não tivesse visto
as imagens como eu, admitiria estar a ouvir uma conversa de pé-de-orelha entre o
presidente da filarmónica “Os Piçalhudos
da Madalena” e a afamada jornalista Mijardina
da Anunciação Mouquinho da estação televisiva da Merdaleja, tal foi a cumplicidade e a bondade das perguntas,
acompanhadas por uma teatralização ridícula e enfadonha, de conveniência,
protagonizada pela autora de tamanha encenação.
Tal como Mijardina
Mouquinho, Fátima Campos Ferreira (FCF) passou os três quartos de hora que
durou aquele mísero espectáculo, a branquear, a enaltecer a mediocridade, o
primarismo, o malabarismo provinciano de um vendedor de banha-da-cobra de
terceira categoria, tentando transformar uma figura sinistra num anjinho
papudo.
Começou como sempre, com
o Benfica na ponta-da-língua e citou-o uma dúzia de vezes durante a
pseudoentrevista.
Por norma, pois não
aprecio aquele estilo, não vejo os programas desta fulana. Um estilo parolo e
exibicionista de alguém, séria candidata a uma Oprah de pacotilha.
No tempo da “outra
senhora” tivémos muitos programas assim e o OMO ou o TIDE ficar-lhe-iam muito
gratos se FCF tivesse mudado o nome do entrevistado para uma marca de lençol
lavado com um desses produtos, pois a mulher mais parecia uma lavandeira da Ribeira de Palermo do que
uma profissional de informação.
“A branquear desde 1893”,
bem poderia ter sido o título da rubrica.
O labrego esteve também como
sempre. Com uma inocente gravata azul-bébé a debitar piadas canalhas, mentiras,
evasivas, estimulado por uma entrevistadora que se entreteve, em muitos
momentos, a fazer o papel de uma ingénua e debutante investigadora, tal qual
uma qualquer alcoviteira da Cedofeita, perguntando-lhe por exemplo:
- “Ó Jorge Nuno (Jorge Nuno?!? Como?!? Que promiscuidade e intimidade
são essas?!?) como é que gosta de António
Nobre (poeta), se ele é um “vencido da vida”?
- O senhor, apaixonado pelos seus próprios princípios…(quais princípios, mulher? Será que foram as bofetadas na
Filomena, a sova na Carolina, ou a fruta do Calor da Noite, ou ainda a fuga de
um cagarolas para Santiago de Compostela?).
Sob um manto diáfano
fantasioso e ilusório, quase que por encomenda, FCF aludiu cândidamente à mãe
do dito cujo, aos pitos caseiros, à
poesia, à literatura, a António Nobre, rematando com um “graças a Deus que pôde escolher os médicos que o operaram!”
Fátima Campos Ferreira,
como de outras vezes, com o mesmo personagem, prestou-se a um papel indecoroso.
Vestiu a camisola do entrevistado e jogou ao lixo a sua função de profissional
séria de informação.
No bolso do seu casaco
ficaram questões como o penalty
fantasma em Paços de Ferreira que abriu as portas do título à agremiação
corrupta, as agressões a colegas seus de informação, alinhados e não-alinhados,
as amantes e as alternadeiras que têm andado de braço dado com as contas na Suíça,
os criminosos que eram visita de casa do dito cujo, as ligações promíscuas com
empresários de deusas e prostitutas e um relambório de perguntas que não teria
fim…
Enfim, FCF ontem,
limitou-se como boa aluna que é, a limpar mais porcaria, fazendo a triste
figura de uma “limpa-rabos” a prazo e durante 43 minutos.
No entanto, algo foi
dito que importa reflectir:
- “Nada se faz sem dedicação e sem paixão…”
… Mesmo que para isso se
tenha de imitar Al Capone, digo eu.
GRÃO VASCO