24.5.13

A “Oprah” da Madalena



Deprimente e obscurantista.

Assim classifiquei um arremedo de entrevista que foi para o ar na RTP1 e RTP informação, pelas 21 horas de ontem, mas que só ouvi horas depois na internet, pois recuso-me a contribuir para audiências de uma estação de TV à mercê de uma corja do piorio que há muito vem infestando e destruindo este país.

 

Quem não tivesse visto as imagens como eu, admitiria estar a ouvir uma conversa de pé-de-orelha entre o presidente da filarmónica “Os Piçalhudos da Madalena” e a afamada jornalista Mijardina da Anunciação Mouquinho da estação televisiva da Merdaleja, tal foi a cumplicidade e a bondade das perguntas, acompanhadas por uma teatralização ridícula e enfadonha, de conveniência, protagonizada pela autora de tamanha encenação.

 

Tal como Mijardina Mouquinho, Fátima Campos Ferreira (FCF) passou os três quartos de hora que durou aquele mísero espectáculo, a branquear, a enaltecer a mediocridade, o primarismo, o malabarismo provinciano de um vendedor de banha-da-cobra de terceira categoria, tentando transformar uma figura sinistra num anjinho papudo.

 

Começou como sempre, com o Benfica na ponta-da-língua e citou-o uma dúzia de vezes durante a pseudoentrevista.

 

Por norma, pois não aprecio aquele estilo, não vejo os programas desta fulana. Um estilo parolo e exibicionista de alguém, séria candidata a uma Oprah de pacotilha.

 

No tempo da “outra senhora” tivémos muitos programas assim e o OMO ou o TIDE ficar-lhe-iam muito gratos se FCF tivesse mudado o nome do entrevistado para uma marca de lençol lavado com um desses produtos, pois a mulher mais parecia uma lavandeira da Ribeira de Palermo do que uma profissional de informação.

 

“A branquear desde 1893”, bem poderia ter sido o título da rubrica.

 

O labrego esteve também como sempre. Com uma inocente gravata azul-bébé a debitar piadas canalhas, mentiras, evasivas, estimulado por uma entrevistadora que se entreteve, em muitos momentos, a fazer o papel de uma ingénua e debutante investigadora, tal qual uma qualquer alcoviteira da Cedofeita, perguntando-lhe por exemplo:

- “Ó Jorge Nuno (Jorge Nuno?!? Como?!? Que promiscuidade e intimidade são essas?!?) como é que gosta de António Nobre (poeta), se ele é um “vencido da vida”?

- O senhor, apaixonado pelos seus próprios princípios…(quais princípios, mulher? Será que foram as bofetadas na Filomena, a sova na Carolina, ou a fruta do Calor da Noite, ou ainda a fuga de um cagarolas para Santiago de Compostela?).

 

Sob um manto diáfano fantasioso e ilusório, quase que por encomenda, FCF aludiu cândidamente à mãe do dito cujo, aos pitos caseiros, à poesia, à literatura, a António Nobre, rematando com um “graças a Deus que pôde escolher os médicos que o operaram!”

 

Fátima Campos Ferreira, como de outras vezes, com o mesmo personagem, prestou-se a um papel indecoroso. Vestiu a camisola do entrevistado e jogou ao lixo a sua função de profissional séria de informação.

No bolso do seu casaco ficaram questões como o penalty fantasma em Paços de Ferreira que abriu as portas do título à agremiação corrupta, as agressões a colegas seus de informação, alinhados e não-alinhados, as amantes e as alternadeiras que têm andado de braço dado com as contas na Suíça, os criminosos que eram visita de casa do dito cujo, as ligações promíscuas com empresários de deusas e prostitutas e um relambório de perguntas que não teria fim…

 

Enfim, FCF ontem, limitou-se como boa aluna que é, a limpar mais porcaria, fazendo a triste figura de uma “limpa-rabos” a prazo e durante 43 minutos.

 

No entanto, algo foi dito que importa reflectir:

- “Nada se faz sem dedicação e sem paixão…”

 

… Mesmo que para isso se tenha de imitar Al Capone, digo eu.

 

GRÃO VASCO


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