http://www.rtp.pt/play/p326/e117843/pano-para-mangas
Impante na atroz e
desesperante infantilidade urbana da sua isenção de profissional da informação
e tenrinho como as nutridas carnes do seu lombo piramidal, o camelo do João
Gobern resolveu, vá lá saber-se porquê, convidar formalmente o camelo do Carlos
Abreu Amorim para um passeio pelo Magreb.
O périplo foi tão
amistoso e tão cordial, que o camelo do João Gobern presenteou o seu homólogo
do Freixo com uma bela jantarada à luz da lua, onde não faltou sequer o couscous, a tagine e o brinde com chá de
menta, especialidades gastronómicas locais que tão bem se enquadraram nessa
idílica e inesquecível noite no deserto. Só faltaram umas fleumáticas fumaças
pós-prandiais de tabaco mesclado em mel, a sair dos tão afamados cachimbos de
água.
Grandes camelos, sim
senhor!
O camelo do João Gobern
nem sequer levou a mal as diatribes e os abusos de linguagem tresandando a
ódio, que o camelo do Carlos Abreu Amorim bolçou a noite inteira. Porventura
não o ouviu nem leu convenientemente – no deserto, o barulho é infernal e a
noite escura como o (a)breu. Afinal, como camelo isento que é, esquecendo-se da
sua condição gloriosa, preocupando-se mais com a defesa da sua avantajada
imagem do que com a verdade, tudo aquilo não passou de mais um fait-divers de um camelo provinciano em
busca de fama em paragens sub-magrebinas.
Mas, bem vistas as
coisas e depois de tudo o que aconteceu, o camelo do João Gobern perdeu uma boa
oportunidade para estar calado. Tal como muitos que se preparam para as longas
travessias no deserto do Saahara, meteu água. Mas foi tal o exagero que até o
camelo do Carlos Abreu Amorim se riu de tanto salamaleque e de tanta estupidez
de um camelo engraçadinho.
Como sempre, um camelo fracote,
irrecuperável, a dar uma no cravo e outra na ferradura. Os Benfiquistas, os
Autênticos, dispensam a sua condição.
Não sei se os camelos
dão banho aos cães, mas é uma boa altura de ir fazê-lo, de preferência para o
deserto…
GRÃO VASCO