Na Luz, todos os brácaros são pardos.
À noite são os gatos.
Pardos, pardacentos, sem cor que os defina. Do vermelho e branco arsenalista, passam num ápice ao azul bébé com farripas corruptas das barracas de praia da Madalena.
Promiscuidade e submissão.
Ódio e inveja.
Traulitada e simulação.
É o sporting dos brácaros.
Dos pardos, dos micaéis, dos tiagos gomes, dos alans, dos conceições.
Dos salvadores que não se salvam, nem salvam ninguém, mesmo a triplicar ou a quadruplicar.
Da Pedreira às moscas.
Dos submissos.
Dos vendidos.
Dos lacaios da Palermo portuguesa.
Da arruaça, da arrogância e da bazófia!
De uma cidade bem diferente, quase indiferente a tanta servidão cúmplice aos capos do Freixo.
(Na gíria futeboleira já a apelidaram
de Nápoles portuguesa.
Palermo e Nápoles, Nápoles e Palermo! Aonde é que eu já vi isto?)
Do seu povo Benfiquista, maioritário mas coagido, silencioso e desinteressado, olhando com desdém para os atropelos e insultos à sua verdadeira paixão.
À Luz chegaram ufanos, cagando fanfarronadas e lentilhas.
Da Luz se foram, pardos como sempre, com o rabo entre as pernas.
Borradinhos e suspirando de alívio por não terem levado um cabaz de oferendas para a santa do Sameiro, safando-se chamuscados daquele Inferno Vermelho de paixão.
Mas não se livraram de carregar nos ombros o vexame do seu próprio escárnio.
O Benfica, os seus jogadores, técnicos e dirigentes meteram-nos num bolso. Reduziram-nos à sua expressão mais simples – pardos!
Vergados e humilhados pela força mental de sessenta mil almas vibrantes cuja exibição foi deslumbrante.
Tal qual o recital oferecido por Jonas, Eliseu & Cia.
A portentosa exibição do Glorioso teve ainda outro mérito. Obrigou Artur Soares Dias a encolher-se. Mesmo assim, este apitadeiro manhoso conseguiu uma façanha improvável – a sua prestação anti-Benfica foi miserável. Tal pai, tal filho!
A seguir JJ. Contido e equilibrado.
Depois LFV. Com aqueles óculos de ver ao perto, fixos no meio do nariz, “com um olho no burro e o outro no cigano”. Mirando as mensagens no seu telemóvel, ria-se bem disposto na tribuna. O seu “sócio” de outros carnavais, furibundo, cuspia raios e coriscos, gesticulando. Vieira deu-lhe corda e só faltou ao pequeno títere da Bracara Augusta ostentar o respectivo broche cúmplice azul corrupto da fruta & do putêdo na lapela do seu casaco.
Braga, a verdadeira Braga, a autêntica, não merece esta escumalha. Podem despejá-la mais abaixo, em Palermo, no Freixo, à beira do Douro.
Por fim a miragem. Aos 77’, logo após o petardo fulminante de Eliseu, vislumbrei Rui Gomes da Silva na gaiola forasteira, com um jersey do Arsenal, agitando frenèticamente, a la coreana, uma bandeirinha do grémio brácaro. Na outra mão, exibia bem alto um pequeno cartão com a imagem da Pedreira, validado pelo gabinete do 14º andar da Torre das Antas com o nº 3773 a bold.
O que eu me ri!
Obrigado, Caro e Glorioso Companheiro pela sua frontalidade na denúncia de uma vassalagem e submissão vergonhosas.
Depois, se puder, arranje-me lá um cartão desses para me servir de amuleto e recordação por tão bela e marcante lição!
GRÃO VASCO