14.5.18

Vento e temperatura




As pérolas têm sido mais do que muitas.
Mas há pérolas e pérolas. E assim, acabámos ontem por assistir a mais uma conferência de imprensa deprimente, após uma derrota inapelável na Madeira, do grémio do lagartêdo, comandado pelo mestre da táctica.
Desculpas e mais desculpas esfarrapadas, atirando com a responsabilidade de mais um decisivo e enorme fracasso para os fenómenos climáticos. Desta vez foi a “temperatura durante os minutos em que decorreu o desafio que teve grande influência na prestação dos seus jogadores e consequentemente no resultado do jogo”, alegou mestre JJ num total destrambelho. Provavelmente, os jogadores maritimistas estavam com tamanha “febre” de golo que enfiaram dois ao Patrício Frangollo - ficando mais alguns por marcar - um desgraçado que a esta hora deve estar pelos cabelos nos bastidores do Fôsso. Talvez tivesse sido essa décalage de “temperatura” entre os seus pupilos e os ilhéus que acabou por fazer a diferença e enviar o lagartêdo para a competição menor da UEFA, colocando os seus adeptos à beira da catástrofe total.
Depois do “vento” na Amoreira, lá veio outra alteração ”climática”…

Semearam durante toda a época a canalhice, a podridão, a mentira, a ordinarice e colheram uma desgraça que nem os miseráveis perdões da enorme dívida aos bancos conseguem sublimar!
Caiu-lhes o céu em cima!
Fujam enquanto é tempo, que a casa está a arder!
Sem apelo nem agravo!

Mas JJ, durante a época, quando ondas alterosas fustigavam o seu Glorioso adversário, dizia com a fanfarronice que lhe está no sangue e enquanto ainda perseguia os corruptos azuis e broncos da Palermo portuguesa, que ao ocupar o segundo lugar na tabela classificativa “só olhava para cima” desprezando ostensivamente, quem com um esforço gigantesco lutava para não descolar dos dois da frente. Esses momentos não foram fáceis para todos os Benfiquistas, mas a perseverança e a crença em dias melhores, a sua infindável resiliência, permitiram a aproximação, ultrapassando os seus inimigos e atingindo mesmo a liderança.
A partir desse momento e como já é habitual, o mestre da táctica emudeceu, tentando compensar o seu progressivo insucesso com as artimanhas e justificações do costume, tais como as alterações climáticas, grande número de jogos, combate em todas as frentes estando em todas elas e quejandas.

No entanto, uma nova quebra do Glorioso, devido fundamentalmente a sérios factores limitativos, dos quais a lesão do grande goleador Jonas é o mais proeminente, veio proporcionar, a par de arbitragens habilidosas e encomendadas pelo lagartêdo do fôsso a sul e pelo putêdo do calor da noite a norte, ao inefável Fontelas Gomes, um novo avanço que postergava para terceiro o Glorioso de Portugal. Num derradeiro esforço, o Benfica arrancou uma exibição categórica no fôsso do lagartêdo, só não alcançando a vitória porque mais uma vez o árbitro resolveu, e desta vez foi o apitadeiro lagartinóide Xistra, meter a mão no cofre ao roubar-nos dois penaltys e um golo limpo!

E aqui, sim. Aqui veio outra vez à tona aquele fair play filho-da-puta em que o mestre da táctica é pródigo. Sabendo que o resultado – empate zero a zero - lhe garantia o segundo lugar e o acesso à fase preliminar da Champions League, logo ali mesmo deu a entender que a classificação estava no papo, esquecendo-se por completo de que havia, no fim-de-semana seguinte, umas cascas de banana à sua espera no Caldeirão dos Barreiros do Funchal, na Ilha da Madeira. As suas declarações pós jogo iam nesse sentido, dizendo que o segundo lugar era um mal menor.
Era a presunção a carburar em pleno. Só faltou a água benta para a decisão ter um tom absoluto. O segundo lugar já cá cantava, já estava no papo!

Assim, e sabendo que Rui Vitória não ficaria nem satisfeito, nem conformado com o empate a zero e que nunca se dirigiria a ele para o saudar e cumprimentar, tratou de, no final do desafio armar ao pingarelho e dirigindo-se para o local por onde os jogadores Benfiquistas faziam o seu trajecto de recolha ao balneário, foi abraçando tudo e todos os que encontrava pela frente, exibindo a sua pirosa faceta de magnânimo da hipocrisia, como querendo dizer, “honra aos vencidos, temos pena, mas já foram!

Mas o Destino para alguns ou o Divino para outros, escrevem muitas vezes direito por linhas tortas e num suspense digno de Hitchcock, dá-se no Caldeirão ilhéu, um golpe de teatro em tempo de compensações, com Patrício Frangollo a fazer jus ao apelido que tem – uma frangollada, veio ratificar uma derrota sem espinhas e a perda de um segundo lugar e que colocou logo JJ a pensar como, a partir daí para a frente, se poria a dar cordinha aos sapatos, numa casa a arder por todo o lado.

Ao longo dos tempos em que permanece no lagartêdo e desde que resolve hostilizar tudo o que é Benfica e fazer o jogo do Peidolas do Freixo e do Babalu da Coca, tem sido sempre assim. Nunca tem levado a melhor e o Benfica tem-no comido de cebolada e quase sempre na recta final.

Vamos lá ver se agora não aparece por aí o “El Niño”, fenómeno climático à escala planetária e com consequências devastadoras que varra de uma vez por todas o mestre de todas as tácticas e seu séquito, da ribalta do futebol indígena.
Mas a acontecer a enxurrada que leve também com ele, toda a corja do Fôsso que num incrível exercício de demência colectiva transformou o jogo da bola num execrável lamaçal em que eles próprios hão-de desaparecer.

Segundo os meteorologistas o tempo no Fôsso está muito instável e a qualquer momento o ciclone “Marítimo” pode atingir o seu grau máximo, o grau de catástrofe.

Aguardemos.

GRÃO VASCO



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