Àquela
hora de fim de tarde de ontem, muito provavelmente o derby das grandes paixões já tinha terminado. No momento imediato,
alguém amigo, teve o cuidado de me enviar um SMS a dar-me a boa nova, ou como
já não soubessem os meus companheiros mais chegados afectos ao Glorioso que eu
não oiço e raramente vejo estes desafios de emoções tremendas e de grande
desgaste, evitando ou tentando evitar assim deslocação de urgência ao hospital
mais próximo para consertar o coração.
O
Benfica, o meu Benfica de sempre tinha ganho categoricamente, marcando quatro
golos, parco pecúlio para a avalanche do seu futebol de ataque e para as
inúmeras ocasiões de golo criadas. Pois era assim que a diligente mensagem
terminava, complementada com as habituais saudações gloriosas.
Na
ânsia de visionar os golos e o resumo do desafio, sintonizei a TV na frequência
hertziana daquela triste espelunca mediática do Esgoto da Manhã. Já fazia
algumas semanas que não passava por lá. Não consigo tolerar aquele fedor de
peixeiradas, escândalos e promiscuidades entre repórteres, jornalistas,
advogados, bandidos e polícias, grilos e grilas. Quando me fixei na pantalha
nem deu para acreditar no que estava a ver – três fósseis vivos do Jurássico
Inferior, qualquer deles com um trombil que dava dez voltas completas ao
estádio onde o Benfica tinha somado mais uma importante vitória. O início do programa
mais parecia uma mescla de ciência antropológica e Paleontologia, com um
professor e uma jovem aluna a completarem o ramalhete. Mas afinal não. Longe de
ser um programa de ciência. Os animais estavam lá, mas iriam cagar lentilhas
sobre o pontapé na bola, muito especialmente faladrar sobre o jogo que há pouco terminara. O espectáculo foi
mais um triste testemunho do rancor e do ódio que aquelas mentes fossilizadas
dedicam ao Benfica.
Assim,
e começando pelo fóssil da pata côxa
– “decerto que vocês sabem de quem estou
a falar…”, um espécime, segundo rezam várias lendas da Idade Média,
descendente de uma meia-foda dada por D. Afonso Henriques numa ninfa mourisca
no meio de um pomar de macieiras quando conquistou Palmela aos sarracenos no
século XII d.C., mas que confirmado o seu ADN, é na realidade muito mais antigo,
do tempo, como já foi mencionado, do Jurássico Inferior – a sua intervenção foi
um fartote de insinuações, mau perder, azedume e veneno. As suas ventas
rancorosas bolçavam anti-Benfica a rodos – atirava-se ao apitadeiro como gato a bofe tentando colá-lo ao Benfica. Se já
coxeava da pata, também mostrava agora sê-lo da mioleira. Um pequeno traste a
querer enganar os incautos da audiência ou não soubéssemos todos já há muito tempo
que o Arturinho tem no seu rol de arbitragens um histórico medonho de graves
prejuízos ao Benfica. A mente fossilizada dessa pequena criatura jurássica,
moldada por anos e anos de comportamentos e posturas sacanóides, habituada a viver num meio pródigo em aldrabices, truques
rasteiros e mascambilhas diversas, reflexo das suas tristes vivências com os
bimbos e marginais da escola do crime da Palermo
portuguesa, ainda proporcionou na sua primeira intervenção e a única que vi
– desliguei ao fim da primeira ronda para evitar o vómito – algo de bandido
traduzido numa reles insinuação de que o “Benfica
em Braga, para o campeonato, não tem problemas porque já se sabe o que vai
acontecer quando lá for jogar”. O professor, mediante esta atitude rasteira
respondeu-lhe bem e só espero que quando o colocar novamente na prateleira dos
fósseis jurássicos atenda à teoria Darwiniana da evolução das espécies e lhe
coloque uma etiqueta que mencione realmente o que ele foi e continua a ser - “ratazana de esgoto”!
Depois
interveio o amaralossáurio frangueiro
– frangueiro, porque mamava uns
frangos horríveis - um fóssil avantajado cuja grande dimensão física é
proporcional à boçalidade, grosseria e estupidez que debita sempre que abre
aquela bocarra infecta de micróbios azuis corruptos e que os camaramen têm alguma dificuldade em
enquadrar nos planos televisivos. Um autêntico estupor ao qual o professor dá
pouca importância por ser um vulgar de
Lineu.
Por
último apareceu um fóssil miserável, sonso e pegajoso, antepassado das morsas e
dos dugongos, apelidado carinhosamente nos meios jornalísticos de Bernardette e
cujo hobby é branqueador de “varandas”. Durante a semana finda, dada
a sua natureza alagartada e tendo uma aversão figadal ao vermelho tratou de
armar em incendiário usando como rastilho capas de jornal. Um fóssil perigoso
que já deveria ter ido parar ao formol.
Não
consegui ver mais dislates. Desliguei o televisor, na certeza de que a noite de
ontem foi para eles um autêntico filme de terror.
Avancemos
para quarta.
GRÃO VASCO