4.2.19

Fósseis vivos – programa de ontem do 'esgoto da manhã'



Àquela hora de fim de tarde de ontem, muito provavelmente o derby das grandes paixões já tinha terminado. No momento imediato, alguém amigo, teve o cuidado de me enviar um SMS a dar-me a boa nova, ou como já não soubessem os meus companheiros mais chegados afectos ao Glorioso que eu não oiço e raramente vejo estes desafios de emoções tremendas e de grande desgaste, evitando ou tentando evitar assim deslocação de urgência ao hospital mais próximo para consertar o coração.
O Benfica, o meu Benfica de sempre tinha ganho categoricamente, marcando quatro golos, parco pecúlio para a avalanche do seu futebol de ataque e para as inúmeras ocasiões de golo criadas. Pois era assim que a diligente mensagem terminava, complementada com as habituais saudações gloriosas.
Na ânsia de visionar os golos e o resumo do desafio, sintonizei a TV na frequência hertziana daquela triste espelunca mediática do Esgoto da Manhã. Já fazia algumas semanas que não passava por lá. Não consigo tolerar aquele fedor de peixeiradas, escândalos e promiscuidades entre repórteres, jornalistas, advogados, bandidos e polícias, grilos e grilas. Quando me fixei na pantalha nem deu para acreditar no que estava a ver – três fósseis vivos do Jurássico Inferior, qualquer deles com um trombil que dava dez voltas completas ao estádio onde o Benfica tinha somado mais uma importante vitória. O início do programa mais parecia uma mescla de ciência antropológica e Paleontologia, com um professor e uma jovem aluna a completarem o ramalhete. Mas afinal não. Longe de ser um programa de ciência. Os animais estavam lá, mas iriam cagar lentilhas sobre o pontapé na bola, muito especialmente faladrar sobre o jogo que há pouco terminara. O espectáculo foi mais um triste testemunho do rancor e do ódio que aquelas mentes fossilizadas dedicam ao Benfica.
Assim, e começando pelo fóssil da pata côxa“decerto que vocês sabem de quem estou a falar…”, um espécime, segundo rezam várias lendas da Idade Média, descendente de uma meia-foda dada por D. Afonso Henriques numa ninfa mourisca no meio de um pomar de macieiras quando conquistou Palmela aos sarracenos no século XII d.C., mas que confirmado o seu ADN, é na realidade muito mais antigo, do tempo, como já foi mencionado, do Jurássico Inferior – a sua intervenção foi um fartote de insinuações, mau perder, azedume e veneno. As suas ventas rancorosas bolçavam anti-Benfica a rodos – atirava-se ao apitadeiro como gato a bofe tentando colá-lo ao Benfica. Se já coxeava da pata, também mostrava agora sê-lo da mioleira. Um pequeno traste a querer enganar os incautos da audiência ou não soubéssemos todos já há muito tempo que o Arturinho tem no seu rol de arbitragens um histórico medonho de graves prejuízos ao Benfica. A mente fossilizada dessa pequena criatura jurássica, moldada por anos e anos de comportamentos e posturas sacanóides, habituada a viver num meio pródigo em aldrabices, truques rasteiros e mascambilhas diversas, reflexo das suas tristes vivências com os bimbos e marginais da escola do crime da Palermo portuguesa, ainda proporcionou na sua primeira intervenção e a única que vi – desliguei ao fim da primeira ronda para evitar o vómito – algo de bandido traduzido numa reles insinuação de que o “Benfica em Braga, para o campeonato, não tem problemas porque já se sabe o que vai acontecer quando lá for jogar”. O professor, mediante esta atitude rasteira respondeu-lhe bem e só espero que quando o colocar novamente na prateleira dos fósseis jurássicos atenda à teoria Darwiniana da evolução das espécies e lhe coloque uma etiqueta que mencione realmente o que ele foi e continua a ser - “ratazana de esgoto”!
Depois interveio o amaralossáurio frangueirofrangueiro, porque mamava uns frangos horríveis - um fóssil avantajado cuja grande dimensão física é proporcional à boçalidade, grosseria e estupidez que debita sempre que abre aquela bocarra infecta de micróbios azuis corruptos e que os camaramen têm alguma dificuldade em enquadrar nos planos televisivos. Um autêntico estupor ao qual o professor dá pouca importância por ser um vulgar de Lineu.
Por último apareceu um fóssil miserável, sonso e pegajoso, antepassado das morsas e dos dugongos, apelidado carinhosamente nos meios jornalísticos de Bernardette e cujo hobby é branqueador de “varandas”. Durante a semana finda, dada a sua natureza alagartada e tendo uma aversão figadal ao vermelho tratou de armar em incendiário usando como rastilho capas de jornal. Um fóssil perigoso que já deveria ter ido parar ao formol.
Não consegui ver mais dislates. Desliguei o televisor, na certeza de que a noite de ontem foi para eles um autêntico filme de terror.
Avancemos para quarta.


GRÃO VASCO



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