Gabão,
Algures na floresta equatorial
15 de Dezembro de 2012, 05 horas, hora local
Um corpo expedicionário composto por cientistas e génios de
renome, embrenha-se pela densa selva gabonesa em busca do pentelho perdido.
Sabia-se, através de manuscritos em pele de chibo, encontrados
em várias regiões remotas do Burkina Faso, que em tempos, alguém tinha deixado
cair naquele impenetrável matagal uma preciosidade que a bem da humanidade
urgia recuperar.
Ao fim de algumas horas de caminho e de incessantes buscas,
junto a um pequeno riacho e com a ajuda de detectores especiais e de sofistificada
tecnologia de ponta, aquele laboratório ambulante de sábios, encontrou um
minúsculo pentelho com características semelhantes às do descrito pelos velhos
alfarrábios africanos.
O achado que à partida constituiria uma relíquia de incalculável
valor arqueológico foi imediatamente sujeito a testes para se saber qual a sua
verdadeira natureza.
As hipóteses colocadas foram várias e a expectativa era enorme,
mas na análise ao Carbono14, a desilusão foi completa – o dito cujo datava de
tempos bem mais recentes. Mas mesmo assim, aquele grupo não quis deixar de
saber a origem de um achado daqueles, para mais a mais à beira-rio e comparável
à descoberta de uma agulha num palheiro.
Colocaram-se diversas hipóteses.
1 – como sendo de João Moutinho, quando este lá foi jogar pela
selecção e que o vento terá arrastado para o interior do matagal.
2 – que o dono, fosse o gorila a que o Vercauteren recentemente
se referiu.
3 – a hipótese de ser do “macaco” Madureira também era plausível,
pois o bicho é capaz de tudo, com a agravante de o próprio ter sido encontrado,
também há pouco tempo na selva do lagartêdo.
4 – de uma das púbis das “meninas” das célebres “arcas do Reinaldo”,
admitindo-se que o dito cujo tenha sido transportado na baínha das ceroulas de
algum dos convidados do “nuorte”, que habitualmente e à pala, acompanham as
digressões da selecçôu…eee.
Após um estudo exaustivo destas diversas hipóteses chegou-se à
conclusão que o dito cujo era pertença de um macaco-gibão autóctone e que por
pagamento de uma dívida sua terá sido cedido como prótese a uma centopeia já
extinta, em substituição de uma das suas múltiplas patas.
Mesmo assim, uma raridade naquelas selvas equatoriais.
Todos quiseram saber quem tinha sido a equipa de cientistas que
tinha feito tão interessante descoberta. Tratava-se de facto de um team maravilha – o nada mais, nada menos,
CSI da ANTENA1, composto por um lote de luminárias que imediatamente e a pedido
de várias “famílias” se lançou para outra descoberta no Estádio da Luz.
Partindo imediatamente do Gabão em charter especial, mais pròpriamente de Libreville, chegaram a tempo e horas
ao jogo entre o Benfica e o Marítimo.
Para gáudio dos ouvintes, lá estava a brigada dos experts pronta para mais detecções e
análises…
Decorria já uma hora de jogo quando surgiram os primeiros
indícios de que algo ia de encontro às expectativas de tão douta expedição.
Pacheco, apitadeiro do
Porto, ao indicar categòricamente a marca de penalty, por mão de Roberge, do Marítimo, dentro da sua área e ao
mostrar-lhe o cartão vermelho por acumulação de amarelos, obriga à “entrada” do
corpo expedicionário da ANTENA1 em cena…
No estúdio daquela estação, um “iluminado” visiona o lance e com
base na “teoria do pentelho do Gabão” lança a dúvida e a suspeita com uma
análise “extraterrestre”, superior à do Carbono14 – “há um chega para lá de um jogador do Benfica num jogador do Marítimo,
a bola sobrevôa os dois e acaba por bater de raspão no braço de Roberge. O
árbitro está perto, mas a dúvida persiste.”
E assim, enquanto esta dúvida académica continuou a percorrer
aquelas pérfidas cabecinhas pensadoras e os altifalantes dos transistors dos ouvintes, Cardozo,
confiante, atirou a “redondinha” para a esquerda da baliza adversária, pondo o
pobre guarda-redes ilhéu, autênticamente a cagar de joelhos…
O CSI lá continuou com mais dúvidas académicas, admitindo até a
hipótese mais inverosímil do Roberge ser na realidade, no seu dia-a-dia, um
amputado do braço direito, usando uma prótese nos treinos e nos jogos de futebol,
tal qual a centopeia da estória africana…
Tudo serviu para tentar anular a hipótese penalty.
Mas, mais pentelho, menos pentelho, é que para desespero de
alguns, o braço do infeliz lá estava pespegado na trajectória da bola e o penalty foi marcado.
Pentelhices…
GRÃO VASCO