Desde os meus tempos de menino e moço que guardo um velho ditado que diz simplesmente que “política, religião e futebol não se discutem”. Mantive-me sempre fiel a esta máxima, tão sábia como proveitosa, pois assim não desperdiço o meu rico tempo em discussões sobre “o sexo dos anjos”. E agora, muito menos ouvi-las. Preocupo-me, isso sim, em alimentar umas das grandes paixões da minha vida, representando, o melhor que posso e sei a nobre Águia Vermelha, guardiã de um Templo Sagrado, deleitando-me a fincar umas valentes bicadas em “ôgres azuis corruptos” e em “mostrengos verdes submissos” que por vezes se atrevem a fazer provocações, baixezas e outras maldades.
E como há muitos meses não assistia a rábulas televisivas, decidi deambular, ao de leve, por um programa de paineleiros. Numa incursão aleatória pelos canais televisivos, retive-me por menos de cinco minutos na RTPalermo, mais concretamente no programa!?! “Cangaceiros d'Ataque". Um programa!?! emitido do sector mais fanático e ordinário da Inbicta e que pelos vistos nada melhorou, agravando a sua péssima qualidade com a inclusão de um novo morcão azul corrupto, em substituição de outra besta que não se deu bem com verdades e factos.
E confirmando o que era certo e sabido, foi uma pura perda de tempo e muito mais do que isso, foi confrangedor. Continuam a ser sessões semanais doentias, mentirosas, constituindo a par de alguns dos seus participantes e moderadores, um acicate medonho para a radicalização extrema de adeptos e simpatizantes de clubes e para a violência e ódio que medra assustadoramente em jogos de futebol, especialmente em alguns estádios bem conhecidos deste país e especialmente contra o Glorioso Benfica, agora com a nova moda das bolas de golfe, como arma intimidatória a que nem a justiça pôdre do futebol, engajada a norte, e os media, dão relevância alguma. São programas de um primarismo absurdo, animalescos, bem demonstrativos da incompetência e deficiência de muitos imbecis e cretinos que vagueiam, bem pagos, pelas retretes de muitas estações de TV.
Os poucos minutos de visionamento desse famigerado programa foram, no mínimo, asquerosos. A bastardia e a ordinarice de alguns foram de tal forma evidentes que o espaço visível onde o programa decorria mais parecia uma latrina com fedor sonoro insuportável.
No entanto, para memória futura vou descrever o que vi naqueles breves momentos.
Pois para além de uma mesa em U, estavam sentados quatro indivíduos em que três deles num confronto espúrio e desigual lutavam contra um. A cena foi só uma - o “moderador”, de nome Peúgo Gilberto, um verdadeiro malandro de urinol, com um sorriso cínico, cúmplice e comprometido, antes de dizer o que quer que fosse, tanto olhava de soslaio para o falo murcho submisso, Bidé Diarrei(r)a e Costa, um doente incurável a quem só faltava a peruca “verde cueca fluorescente” da Maria José Valério para disfarçar a sua indigente calvície anti-Benfiquista, como se fixava nas masturbações rápidas e ejaculações estéreis e contínuas do seu “compagnon de route”, Pidá Kid Guedelhas, um garotelho cretinóide, escolhido a dedo, digno representante da fina flor do entulho de Contumil e da nata do gang da Ribeira e ainda também, sempre que podia, cuspia na lente da câmara do cinéfilo solitário, o quarto elemento, que pela sua postura íntegra de objector de consciência, deveria ir fazer filmes para outro lugar que não aquele, e de preferência com aqueles monumentos que ele tão bem sabe seleccionar…
Pois creio que este filme, do qual apenas vi cinco minutos – Cangaceiros d’Ataque – não perderia nada se mudasse de título para outro bem mais consentâneo com os “valores” e a essência que contém – Três canalhas e um cinéfilo.
Acabei por sentir náuseas e enjoos. Mudei de canal imediatamente e melhorei a olhos vistos. Fixei-me no National Geographic ainda a tempo de ver um programa excepcional – O Vôo da Águia Gloriosa.
No final estava completamente restabelecido.
Ainda bem!
GRÃO VASCO
