17.8.11

As cornadas do "mallenco"



Mallenco, enredado numa tradução à letra – malla é rede em castelhano – poderia muito bem ser nome de toiro.
E viu-se. Viu-se bem que não é preciso ir a Pamplona, às concorridas largadas de cornúpetos das célebres festas de San Fermín.
Ontem, em Enschede, na arena De Grolsch Veste, na região de Twente, na Holanda, foi solto um curro cego de meia-dúzia destes ruminantes selvagens com um tal “mallenco” à cabeça.
O resultado acabou em duas colhidas, após igual número de investidas traiçoeiras – a de Emerson que até aí, tinha feito uma lide impecável, positivamente abalroado, não evitando os cornos do bicho, e a de Cardozo, grosseiramente atropelado na grande área adversária. Duas “cornadas” que irão fazer sangrar o Benfica durante os noventa minutos…ou mais, da próxima quarta-feira, no Estádio da Luz.

E assim, a eliminatória não ficou resolvida. Mallenco não quis. É certo que com a validação do segundo golo do Twente, antecedido de uma irregularidade que milhões de olhos viram, este apitadeiro habilidoso, figura de destaque no post anterior, contribuiu para uma grande casa e consequente receita do jogo em Lisboa, mas evitou fraudulentamente no De Grolsch Veste, em Enschede, que o Benfica tivesse logo aí, arrecadado o “bolo” mais apetecido – o bolo da UEFA Champions League – esse sim, uma encaixe financeiro incomparável.

A segunda-mão do play-off entre o Benfica e o Twente é uma incógnita muito, muito séria. Por mais que os cabrestos do costume se afadiguem, dizendo que o Glorioso é muito superior, como ainda ontem vi e ouvi, mesmo de alguns insanos benfiquistas que mais valiam estarem calados do que bolçarem baboseiras.
A CS foi o habitual. Os cornúpetos da caneta incensaram Artur, esquecendo-se do guarda-redes adversário. Conversa fiada só para justificar o que no passado disseram de Roberto e minimizar uma equipa que nunca deixou de atacar e deu uma reviravolta no marcador. Não vou, nem nunca embarcarei nesta falácia. Artur jogou bem, defendeu melhor, dá uma confiança superior, é verdade, mas se na baliza estivesse estado o ex-guarda-redes do Benfica, agora no Saragoça, o primeiro golo do Twente seria considerado um “frango” e o segundo a mesma coisa. O jogo foi equilibrado e taco-a-taco. Cá vai ser mais do mesmo, com a diferença de que o vulcão da Luz terá de rugir desde o início do jogo.

Os jogadores do Benfica iam precavidos. Foi bem evidente a forma cuidada com que disputaram bolas divididas e com se dirigiram ao árbitro, exceptuando os momentos que se seguiram após a pilhagem que deu o segundo golo adversário.

No fim do jogo, peguei no meu diccionário de espanhol-português, de futebolês, e fui procurar o sinónimo do tal nome castelhano “Mallenco”. Óbvio. Não podia deixar de ser outra coisa. Lá vi então, “mallenco”apitadeiro, masculino, singular., sinónimo de Olegário, Xistra, Jorge Sousa, Soares Dias, Vasco Santos, Rui Costa, Paulo Batista, Elmano Santos, Marco Ferreira e afins, todos apitadeiros. Uma enxúndia que não mais acaba!


GRÃO VASCO

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