Ouvi o estalido das
castanholas e aquele cantar gitano. No hall
do prédio onde vivo, Carmencita, a malaguenha, fazia a festa.
- Habemus Malaga! –
exultava a andaluza.
- Como? Desculpem lá, temos mas é um novo papa e vem da Argentina.
Deviam mas é estar a ensaiar um tango, isso sim! – retorqui.
- No, no! Es verdade lo que te decimos. El Malaga limpió el
Oporto en La Rosaleda! – exclamou Paco
Domecq, arrancando mais um sapateado e mais umas raviangas.
Ainda incrédulo com o desfecho
de um desafio sem qualquer interesse, liguei para a famosa TBI para ver as últimas
e o resumo desse jogo na Andaluzia.
Aquilo parecia mesmo um
funeral. Tudo a velar o defunto, desde aquela toleirona que por lá anda a
cirandar, passando pelo Sousa Martins, Baía, Dani, Sobral, e acabando no Pedro
Henriques que fica “a matar” de casaco azul-bébé e com aquele ninho de cucos em
cima da cabeça…
Então aquela equipazinha
que tinha sido esmagada pelo Barça da
Pocilga, na 1ª mão, acabou por chutar esse colosso do Freixo borda fora?
Mas a eliminatória não
eram favas contadas?
Só quando vi o resumo
completo é que me apercebi do falhanço estrondoso do grémio da fruta. É que na Europa, e neste caso em Espanha, a distribuição da mesma está cara e
paga-se – os caceteiros são avisados e não ficam impunes.
Pois foi exactamente o
que aconteceu, depois, ao belga mais rasca que já alguma vez passou pelo
futebol luso. Contudo, no final da primeira parte, ainda se sentiu o odor da fruta a perpassar pelo La Rosaleda – um gaffe imperdoável de Nicola Rizzoli, um apitadeiro italiano, ao anular um golo
limpo, cristalino a Saviola, que se não fosse Isco logo a seguir, traria muitos
sarilhos para a parte complementar. Assim, ao fim do 1º tempo, e fazendo contas
à eliminatória, os malaguenhos já deveriam ter uma vantagem confortável de dois
golos e não a eliminatória empatada a 1-1 – golo em fora-de-jogo sofrido na 1ª
mão + golo mal anulado a Saviola + golo de Isco, que daria na contabilidade
futebolística o score de 2-0 a favor
do Málaga.
Entretanto, Pellegrini
não ficou a dormir à sombra do palmeiral e brindou os acabrunhados azuis e
broncos com mais um show de flamenco
por Roque Sta. Cruz.
Nesse momento invocou-se
S. Proença, mas para desespero da cambada das barracas de praia não era esse o
seu dia. Ele não estava lá. Nem ele, nem o S. Ricardo Santos. E lá ficou Maicon
a ver navios quando lhe foi
invalidado o golo por off side claro
e inequívoco.
Ai proença, proença, onde andaste tu?
Por fim, e apesar de uma
falha técnica grave do apitadeiro que
ainda beneficiou por algum tempo o grémio
das putas, lá veio aquele peregrino hipócrita e mal amanhado, perorar,
arengando que foi esse mauzão do Rizzoli que lhe tinha condicionado a equipa e
o jogo.
Teve o que mereceu. Só lamento
que não tivesse acontecido há mais tempo.
Perdeu. Sem classe nem
dignidade. É assim, aquela gentalha da fruta e dos chocolates.
Tal como fez quando o
Benfica não ficou apurado na fase de grupos, saberá ele qual é o seu próximo
adversário na Champions League?
- Que bueno, que bueno!
– ironizava ainda o Paco Domecq batendo palmas ao som daquele inconfundível
cantar gitano…
O andaluz ainda me ofereceu um Xerez como
aperitivo, mas preferi humedecer a goela com um Cabernet Sauvignon Bordeaux de
14º antes que ele se esgote no Chaban-Delmas…
Até mais logo e que os
deuses estejam connosco.
GRÃO VASCO
