14.3.13

Sem dignidade e sem proenças


 


Ouvi o estalido das castanholas e aquele cantar gitano. No hall do prédio onde vivo, Carmencita, a malaguenha, fazia a festa.

- Habemus Malaga! – exultava a andaluza.

- Como? Desculpem lá, temos mas é um novo papa e vem da Argentina. Deviam mas é estar a ensaiar um tango, isso sim! – retorqui.

- No, no! Es verdade lo que te decimos. El Malaga limpió el Oporto en La Rosaleda! – exclamou Paco Domecq, arrancando mais um sapateado e mais umas raviangas.

 

Ainda incrédulo com o desfecho de um desafio sem qualquer interesse, liguei para a famosa TBI para ver as últimas e o resumo desse jogo na Andaluzia.

Aquilo parecia mesmo um funeral. Tudo a velar o defunto, desde aquela toleirona que por lá anda a cirandar, passando pelo Sousa Martins, Baía, Dani, Sobral, e acabando no Pedro Henriques que fica “a matar” de casaco azul-bébé e com aquele ninho de cucos em cima da cabeça…

 

Então aquela equipazinha que tinha sido esmagada pelo Barça da Pocilga, na 1ª mão, acabou por chutar esse colosso do Freixo borda fora?

Mas a eliminatória não eram favas contadas?

 

Só quando vi o resumo completo é que me apercebi do falhanço estrondoso do grémio da fruta. É que na Europa, e neste caso em Espanha, a distribuição da mesma está cara e paga-se – os caceteiros são avisados e não ficam impunes.

Pois foi exactamente o que aconteceu, depois, ao belga mais rasca que já alguma vez passou pelo futebol luso. Contudo, no final da primeira parte, ainda se sentiu o odor da fruta a perpassar pelo La Rosaleda – um gaffe imperdoável de Nicola Rizzoli, um apitadeiro italiano, ao anular um golo limpo, cristalino a Saviola, que se não fosse Isco logo a seguir, traria muitos sarilhos para a parte complementar. Assim, ao fim do 1º tempo, e fazendo contas à eliminatória, os malaguenhos já deveriam ter uma vantagem confortável de dois golos e não a eliminatória empatada a 1-1 – golo em fora-de-jogo sofrido na 1ª mão + golo mal anulado a Saviola + golo de Isco, que daria na contabilidade futebolística o score de 2-0 a favor do Málaga.

Entretanto, Pellegrini não ficou a dormir à sombra do palmeiral e brindou os acabrunhados azuis e broncos com mais um show de flamenco por Roque Sta. Cruz.

 

Nesse momento invocou-se S. Proença, mas para desespero da cambada das barracas de praia não era esse o seu dia. Ele não estava lá. Nem ele, nem o S. Ricardo Santos. E lá ficou Maicon a ver navios quando lhe foi invalidado o golo por off side claro e inequívoco.

Ai proença, proença, onde andaste tu?

 

Por fim, e apesar de uma falha técnica grave do apitadeiro que ainda beneficiou por algum tempo o grémio das putas, lá veio aquele peregrino hipócrita e mal amanhado, perorar, arengando que foi esse mauzão do Rizzoli que lhe tinha condicionado a equipa e o jogo.

Teve o que mereceu. Só lamento que não tivesse acontecido há mais tempo.

Perdeu. Sem classe nem dignidade. É assim, aquela gentalha da fruta e dos chocolates.

 

Tal como fez quando o Benfica não ficou apurado na fase de grupos, saberá ele qual é o seu próximo adversário na Champions League?

 

- Que bueno, que bueno! – ironizava ainda o Paco Domecq batendo palmas ao som daquele inconfundível cantar gitano…

 

O  andaluz ainda me ofereceu um Xerez como aperitivo, mas preferi humedecer a goela com um Cabernet Sauvignon Bordeaux de 14º antes que ele se esgote no Chaban-Delmas…

Até mais logo e que os deuses estejam connosco.

 


GRÃO VASCO

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