Mais de duas décadas depois, o Sport Lisboa e Benfica regressou aos
grandes palcos do futebol europeu como finalista da Europa League.
O percurso íngreme - após um longo período de ostracismo, convulsões
internas, inúmeras dificuldades financeiras e de uma grave crise de liderança
que o colocou à beira do abismo - tem sido feito a pulso, por um trilho difícil,
armadilhado e recheado de escolhos, mas sempre com aquela Chama Imensa personificada
num Benfiquista simples, homem de negócios bem-sucedido, com uma vontade férrea
e uma ampla visão dos novos tempos, que num trabalho ciclópico ao longo de dez
anos, repôs o Benfica nos patamares de credibilidade e grandeza que foram
sempre seus por direito próprio.
Esse grande e sério timoneiro é o presidente do SL Benfica, Luís Filipe
Vieira.
As boas performances do clube nas provas da UEFA têm inequivocamente
confirmado esse bom caminho, que num futuro próximo dará os seus frutos e por consequência
os títulos europeus que todos os Benfiquistas há muito ambicionam voltar a
comemorar.
Pois não é por acaso que nesta época de 2012-2013, os Benfiquistas têm
vivido e comungado de emoções semelhantes àquelas que muitos viveram nos anos
60, em que o Glorioso se transformou no maior colosso da Europa do futebol.
E no dia 15 de Maio deste 2013, o Mundo e o Velho Continente renderam-se
mais uma vez ao nosso futebol recheado de arte e talento, fechando-se assim
mais uma nobre página no rico historial do Benfica.
Com uma ingrata passagem pela Champions League, onde jogou com o Barcelona
de Messi, o Spartak de Moscovo e o Celtic de Glasgow, transitou para a Europa
League.
E assim, esta época europeia ressurgiu num ápice nas neves de Leverkusen
onde tudo melhorou com uma aspirina “made in” Bayer, passou pela auto-estrada e
vinhêdos de Bordéus dizendo “au revoir” ao Girondins e degustando um bom
“cabernet-sauvignon”, fez escala em Newcastle, apeando o United numa noite
memorável e “hitchcockiana”, acabando por desembocar num inferno turco, que
ficou conhecido pela Batalha de Istambul, a penúltima paragem antes de
Amesterdão.
Só faltava carimbar o passaporte para terras holandesas. E uma semana após
a derrota no ambiente fervilhante do Şükrü Saracoğlu, onde se deu esse feroz
embate com os turcos, o Benfica, puxando dos seus galões, acabou por eliminar o
Fernerbahçe com uma exibição de luxo em mais uma noite inesquecível na Luz.
Estava assim desbravado o caminho para mais uma final europeia. A 9ª em 52
anos.
O Benfica encheu as bancadas do Amsterdam ArenA de indefectíveis adeptos e
do relvado surgiu o perfume do seu futebol, pleno de fantasia, técnica e
classe, mas cruelmente, o Destino quis que fosse o outro finalista, o Chelsea,
a sagrar-se campeão do torneio.
Quanto ao desfecho, dizem os místicos, que o fantasma de Guttmann e a sua
maldição passaram por lá, aos 90´+2´ de uma final que o Benfica tanto fez por
merecer e por ganhar. Para os cépticos, foi obra do acaso com muita azar à
mistura.
Seja como fôr, foi um bom augúrio para o futuro.
GRÃO VASCO